FIADO SÓ AMANHÃ

Menino ainda, nas minhas vivências interioranas, recebia a incumbência de ir, nas bodegas da cidade, comprar artigos de primeira necessidade, tais como alimentos, produtos de higiene e limpeza, e, às vezes, algumas guloseimas. Tais bodegas eram associadas aos nomes dos proprietários. Tinha a bodega de Geraldo Arruda, a de Timbira, a de Venéfrido, a de Enoque, a de João Miguel, só para citar algumas. Lembro bem que nossas compras eram anotadas na caderneta do fiado. O que nunca esqueço é que vi um dia, em uma dessas bodegas, uma placa que dizia: "FIADO SÓ AMANHÃ".

Mamãe sem saber disso, mandou-me fazer umas compras naquele mesmo dia, na referida bodega. Como eu disse que não ia, levei uma baita surra, que só foi interrompida quando eu falei da maldita placa.