Quarentena

Os últimos dias têm sido bastante complicados, é aquela velha história do que está ruim pode piorar. E como pode. Isolar-se nunca foi tão valorizado em uma sociedade que busca o progresso e ficar parado não condiz com o avanço. Mas dessa vez, o modo repouso estar ligado à sobrevivência. Ficar em casa agora é o melhor que podemos fazer.

Tudo foi tão rápido. De repente todo o globo terrestre estava bem ali, atento, dentro de suas trincheiras combatendo o inimigo em comum, um vírus. Um micro-organismo que não se importa com sua conta bancária (antes talvez, agora sabemos que não), com a roupa que você usa, raça, sexo, nacionalidade, religião ou a ausência dela, tampouco com seu nível de instrução. Eu gosto de pensar que por mais cruel que seja, os agentes patológicos são os organismos mais igualitários que existem. Para eles não há distinção entre as pessoas, as diferenças são apenas rótulos.

O mundo parou. Os movimentos da Terra ainda acontecem, é claro, temos o dia e noite resultados da rotação do nosso planeta. Entretanto, aquela peça fundamental que fazia os seres humanos acordarem todos os dias, quebrou. Está parada. É perigoso sair de casa. Quem nunca imaginou um final apocalíptico, com certeza está bem preocupado com a atual situação em andamento. É preciso ter responsabilidade em meio ao caos. Uma guerra foi travada, e não é igual aquelas de Game Of Thrones, pelo Trono de Ferro. Na realidade, a sobrevivência após as infinitas batalhas é a vitória almejada.

Os noticiários não mentem quando informam os números de soldados perdidos, até nossos generais (médicos e enfermeiros) estão correndo riscos. É desesperador ver tudo isso acontecer. Muitos de nós queríamos que tudo isso fosse um filme de ficção cientifica e que após a cena final, a normalidade estivesse intacta. Re-sis-tên-cia, esta é a palavra do momento. A única forma de vencer a morte é a vida. Uma dicotomia paradoxal que não nos limita, abre caminhos. A vida é uma condição preexistente e não me conforma que um vírus, algo que ainda está em discussão se é ou não um ser vivo, acabe com ela.

Outro dia estava lembrando de uma leitura que fiz há um bom tempo, de como imaginava as histórias que lia nos mínimos detalhes e pude perceber que, um dia tudo vai passar. Em um futuro alguém também vai ler sobre este momento e tentar criar o cenário de todo esse sufoco que é uma pandemia. E numa manhã ensolarada como nos campos de flores holandesas, depois de um cochilo dizer – pandemia, o que é isso? – e não passar de um sonho ruim e tudo terá passado.

Aguente mais um pouco. Fique em casa.