QUE SE DANE A UNIDADE NACIONAL (Ou Quase Isso)

Sentado diante do computador com o olhar hesitante, entre a tela e o teclado, não posso ocultar minha confusão e a patente incapacidade de organizar os pensamentos diante da estapafúrdia situação em que o coronavírus, os políticos e a mídia lançaram o país. Pelo que se vê nada disso aconteceu casualmente. Ao contrário, pelo andar da carruagem, tudo dá a entender que faz parte de um planejamento criteriosamente elaborado.

O noticiário, insistente, difunde as mais críticas situações verificadas fora e dentro do país. Apresentadores da TV, em seus noticiários, se esmeram em insistentes contorcionismos vocais emoldurados por caretas, trejeitos e olhares esbugalhados, numa estatística mortal sem fim...

Todo esse espetáculo midiático com o objetivo de justificar o estado de confinamento a que foi induzida a população, independentemente das discussões e antagonismos entre médicos, infectologistas, e demais especialistas em saúde que se contradizem. Ao mesmo tempo, descuidam ou se desinteressam das opiniões de economistas, empresários, administradores e demais especialistas nas questões relativas à produção, distribuição e troca, ferramentas básicas da Economia.

Tudo leva a crer que esteja havendo uma conspiração para que se mantenha afastado das ruas e das atividades econômicas, o maior número possível de pessoas e o confinamento justificado pela necessidade de evitar a contaminação tenha se transformado na cereja do bolo.

No meio desse embrulho econômico-sanitário chafurdam políticos e profissionais da imprensa contrários à governança federal. Notícias e atitudes de forte embasamento ideológico são difundidas, propositalmente, em descrédito ou solapamento das medidas federais, objetivando ações que induzam à renúncia ou o impeachment do presidente.

O cenário alardeado, instrumento dos especialistas na formação da opinião pública, vai contribuindo, ao seu modo, para a emulação de descrença, desânimo, tristeza e revolta.

Medidas restritivas, de perverso alcance, estão sendo tomadas por governadores e prefeitos, em grande parte, à revelia da Constituição, que nunca foram tomadas pelos governos após 64, repetitivamente apontados como ditatoriais.

Com simples canetadas estamos assistindo a castração do direito de ir e vir, do cidadão, e o confinamento obrigatório das pessoas até mesmo sob o risco de prisão...

Enquanto essas medidas vão sendo assestadas contra o povo, notícias são veiculadas dando conta de que seiscentas mil empresas já foram à falência nesses poucos dias de “isolamento horizontal” e cerca de nove milhões de empregados já foram demitidos. Como consequência o número de desempregados avança e os resultados disso serão imprevisíveis. (https://www.jornalcontabil.com.br/mais-de-600-mil-pequenas-empresas-fecharam-as-portas-com-a-pandemia/)

Mas, voltando ao confinamento, sob ameaça de prisão, lembramo-nos de um ensinamento que aprendemos, na escola, durante as aulas de História. Afinal, para onde governadores, prefeitos, juízes e demais profissionais envolvidos na fiscalização dos atos lesivos e contrários à própria legislação estão levando o que entendemos como “Unidade Nacional”? Em que ponto acontece a ruptura desse conceito diante da atitude ditatorial de governadores e prefeitos, com a ajuda ou leniência do próprio Judiciário?

O caminho por onde transita o cenário político nacional aponta para uma situação de descontrole e perda do poder federal aviltado e conspurcado pelos demais poderes. De repente, de dentro desse furdunço, surge um salvador da pátria e berra a plenos pulmões: “Derrubemos a Federação e transformemos os estados em países independentes! Que se dane a Unidade Nacional”! Mas, como toda a ação conduz a uma reação, é possível que, também, de repente, em oposição ao tal salvador, o povaréu raivoso, rebelado, sai às ruas disposto a dar um paradeiro na bagunça geral e, aí, um braço forte se levanta, com a mão amiga, para restabelecer o conceito dos bancos escolares que nos induziram ao respeito pela “Unidade Nacional”, verdadeiro alicerce de uma República Federativa...

Amelius

13-04-2020

Amelius
Enviado por Amelius em 13/04/2020
Reeditado em 13/04/2020
Código do texto: T6915657
Classificação de conteúdo: seguro