Diário de um enclausurado
Diário de um enclausurado
11 de abril – o céu chora pela humanidade
O dia amanheceu com uma chuva torrencial. Parecia que o céu chorava pelos mortos vítimas da pandemia. O som que se ouvia era da água caindo sobre a terra. A terra que parece esperar por mais alguns.
Não há nada de novo nem mesmo a fuga da vida nem mesmo a notícia de hoje. Tudo se repete. Os dias e noites se confundem e as horas não marcam mais o tempo. Depois de dias, percebi que o relógio da parede estava parado. Até ele percebeu que o tempo ficou lá atrás. Continuará sem marcar as horas, pois o meu tempo está aprisionado entre quatro paredes (lembrei de Sartre – mas eu me tornei o meu próprio inferno.
A chuva parecia lágrima, mas quem chorava? A humanidade doente e alguns adoecendo com leitura pueris e achismos. Todos enfermos! Mas a pior patologia ainda é a ignorância. Não vejo o sol ainda! O céu escuro prenuncia tempos plúmbeos.
Pela vidraça olhei o mundo molhado e mais sozinho. Tudo estacionado. Carros, motos, tempo, vida nada anda mais. Parou! Parado! Só em movimento, a palavra que escrevo.
A chuva cai e caio na cama de cansaço de nada.
Mário Paternostro