"ANTES QUE UM AVENTUREIRO LANCE MÃO"

Li, na íntegra, o discurso de Regina Duarte. De fato, gosto de Regina, não só por ser uma grande atriz ou por ter o nome de minha mãe ou pelo brilho bonito que mora em seus olhos, não sei... Cresci vendo suas novelas, consumindo sua arte, admirando seu talento. Achei que o discurso nem foi tão ruim assim, tirando toda a grotesca adulação e talvez a metáfora infeliz que todos já sabem.

Como me soa estranho que uma pessoa que tenha vivido da cultura, por tanto tempo, possa compactuar com um projeto sabidamente perverso de anticultura, em substituição a um revelado neonazista, mesmo sabendo que terá pouca, ou nenhuma, autonomia para fazer algo de bom. Regina, em seu discurso, falou de danças, brincadeiras de roda, literatura, citou Chico Buarque, sim CITOU CHICO! Regina sabe o que existe de bom, mesmo tendo se aliado ao mal.

Certamente, ela conhece também o verso de Chico “A saudade é o revés de um parto”, sim, Regina, que dor em vê-la nesse triste cenário, nessa cena de horror de um roteiro de ódio. Saudade de um tempo que não volta, porque mesmo voltando Regina, extinguiu-se a luz, morreu o pedaço de mim que a admirava. Morreram, talvez, milhões de pedaços pelo Brasil. Regina, pior que a saudade só a ingratidão...