Amar?!

São 04:21h da madrugada! Acordei pensando em você! Não, eu não posso, não posso pensar isso. Não posso lhe falar isso. Não posso dizer que lhe amo. Não posso dizer que gosto dos seus cabelos. Não posso devanear. Todo devaneio é uma forma de loucura. Todo amor, é cura, mas também lou-cura, como disse Freud. Não posso lhe amar. Tenho que respeitar regras. Tenho que ser normal.

Se eu sair do padrão, o que você irá pensar?! Pensar que não sou “certo”. Ah, como é ruim essa realidade, que me obriga a ser correto; que me obriga a ser normal.

Se confesso meu amor, sou distratado. Se confesso que amo, sou mal visto. Serei visto como criança, porque decidi amar. O que querem os normais? Que eu fale de futebol. Que eu opine sobre política. Que eu corra - a vida toda - atrás de dinheiro. Os normais estão sempre certos: eles querem sempre apagar o amor. Querem o que nunca querem. Eles nunca querem nada; ou, se querem, querem apenas o que é pequeno. Se fazem de grandes, de sua vaidade interior: porque o que é genuíno na alma eles não desejam!

O mundo é cruel, não porque tem capitalismo, ou porque há uma religião que incute a culpa e desmerece o desejo, não!!! O mundo é cruel, não por causa da pobreza, ou pela falta de solidariedade. Não! O mundo é cruel porque no amor nem todos topam.

Ah... você... você é bela. É linda. Tem os cabelos pretos. Tem um sorriso lindo. É inteligente. Mas, mas, só isso. Não topa o que eu topo. Não se arrisca. Não, você não pode se arriscar. Não pode se mostrar. Eterno fingimento.

Fingimento que disfarça o verdadeiro da alma. Até quando?! Mais quantos anos viverá assim?! Fugindo... fingimento... não sei. Gostaria de saber. Gostaria de ter uma data que tudo isso encerrasse. Talvez Deus tenha sido criado para isso. Para nos responder o que não se sabe. Para nos acalentar de esperança.

Pena, que não posso esperar. Não esperarei. Só posso fazer um luto. Porque a luta, terei que desistir.

Assim, imagino ser o amor. Se não me quer, vou aquietar.