Diário de um enclausurado
Diário de um enclausurado
09 de abril – o silêncio
O dia, hoje, foi de dados. A mídia apresentava sua narrativa e mostrava números alarmantes. A ciência tendo que provar para o achismo que ela estudou para afirmar. O senso comum quer ensinar em tempos de pandemia.
O mundo isolado e alguém, que nunca leu a bula de um remédio, querendo diagnosticar e receitar o remédio da cura. Meu Deus!
O médico diz que não abandona o paciente! O tolo ameaça afirmando que o paciente pode trocar de médico! Estamos doentes e a doença parece ser outra, além do covid-19.
O dia foi de números. Liberação de verbas. Dados sobre o futuro. Que futuro? Qual futuro? a morte passou a ser contabilizada. A vida passou a ser mensurada.
O dia, na noite, não foi muito diferente. Afinal, não há distinção entre dia e noite nem domingo e segunda. O que existe é apenas uma rua, na qual, o álcool deve limpar a sujeira daqueles que teimar em querer fazer parte da contabilidade da morte.
O dia e a noite se fundem e o meu sono, que nunca foi tranquilo, passou a me perturbar com o pesadelo de saber que tenho que despertar.
Mário Paternostro