"MORTE E RESSURREIÇÃO"

“Aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo...” Hebreus 9:27

O ano passado, sentindo muitas dores abdominais, fui ao pronto socorro. Depois de ser medicado e passado as dores, fui às consultas e exames para um diagnóstico mais preciso da causa das dores, suspeitava-se que havia uma pedra na vesícula.

Foi realizada uma ultrassonografia, mas, não foi possível detectar a pedra. Foi necessário uma ressonância magnética, que confirmou, assim, o diagnóstico de uma pedra de 07 mm e o encaminhamento para cirurgia.

A princípio eu tentei resistir a ideia de me submeter ao procedimento cirúrgico. Esperei vários meses, normal no nosso SUS, por onde faria, já que particular o médico havia orçado em seis mil reais e eu não possuía esse valor.

No dia 26 de dezembro, em 2018, viajei a Teresina, no Piauí, para buscar alguns documentos pra aposentadoria. Cheguei lá às 11 horas da manhã e às 15 horas o hospital me ligou, me informando que a cirurgia estava marcada para o dia 28.12. Respondi ao hospital que estava no Piauí e que tinha acabado de desembarcar... Fui, então, para o fim da fila, continuar aguardando. Enquanto estava em Teresina, o hospital ligou novamente, mas, eu não podia voltar ainda.

Então, no dia primeiro de Março, uma sexta feira, fui informado de que a cirurgia seria no dia 04 de março de 2019, uma segunda feira, às 7 horas da manhã.

Aquele fim de semana foi de reflexão total e absoluta. Comecei a conversar com Deus diretamente. Nossa vida é nas mãos Dele. Voltei ao passado e pensei em como Deus já havia me amparado e livrado em muitas situações.

Lembrei que quando menino, subi em um pé de caju para tentar pegar uns passarinhos no ninho, olha o passarinho... Anum preto!! O galho quebrou e eu caí de uma altura de 4 metros, a dois palmos de um toco de unha-de-gato, que havia sido cortado na transversal! Certamente, se tivesse caído em cima dele, teria morrido, aquilo estava uma faca afiada!

Nas minhas lembranças vieram as vezes em que, criança ainda, tomando banho no rio Parnaíba, em Teresina, no Piauí, por vezes quase morri afogado e vi coleguinhas meus morrerem ao meu lado, enquanto nadávamos juntos.

Viajei muitas vezes de caminhão com papai, passamos por precipícios horríveis, pontes estreitas demais, riachos e estradas esburacadas. Papai se acidentou e houve três mortes.

Meu pai tinha uma bicicleta Phillips, uma das primeiras no Brasil, da cor verde. Quando aprendi a andar, ia por toda a cidade e por vezes fui quase atropelado.

Morei em Itaquera, zona leste de São Paulo, no conjunto José Bonifácio, lugar deveras perigoso. Quase todos os dias eram encontradas pessoas mortas pelas ruas e avenidas, mas, moramos ali em paz por um ano e meio, na rua Caetano Braga, número 53!

Mudamos para o IAE, ainda Artur Nogueira em 1991 (Só emancipou em 1992) e por quatro anos estive dirigindo carros (Eu era o motorista do lar das meninas Ellen White e do SALT). Presenciei inúmeros acidentes com morte. A SP 332 era via única, muito perigosa!

Depois fui chamado para trabalhar no Paraná, Associação Norte Paranaense e estivemos em muitas cidades, viajando, e, umas duas vezes fui do Paraná ao Piauí de carro!

Agora, morando em Artur Nogueira há 17 anos, vemos a violência em todas as áreas...

Assim, disse a Deus: Senhor meu e Deus meu, assim como me guardastes em todos esses momentos e muitos mais em minha vida, tenho certeza que me guardará nessa cirurgia, pois, tenho certeza do teu propósito para a minha vida, peço a proteção ao Senhor, não mereço, mas, é em nome de Jesus.

Segui, então, na segunda feira às 7 da manhã ao hospital Bom Samaritano, aqui mesmo em Artur Nogueira.

Eu estava apreensivo com a questão da anestesia, mas, segui adiante. Houve o momento da preparação, medicamentos e finalmente às 11h20min fui encaminhado para a sala de cirurgia.

Ao chegar lá, o médico cirurgião, para me descontrair, penso, me disse sorrindo: E aí, vamos tirar esse neném daí, tá pronto pra cesariana?!? Eu sorri, pra não deixar ele sem graça, sabendo que ele se referia a minha protuberância “barrigal”... – Dr. Gyorgys, um colega seu me disse uma vez que pode ser uma hérnia, eu respondi! Mas, não seguimos com o diálogo, eu estava muito tenso.

Em seguida veio o anestesista a conversar comigo. Bom dia, sou o Dr. Paulo, anestesista, e vou fazer o seu monitoramento, ele disse. Eu estava preocupado com o tipo de anestesia, se era geral, essas coisas e já que sou hipertenso, tive medo de um choque anafilático. Mas, ele me garantiu que, como a anestesia era peridural, só ficaria adormecido da cintura para baixo, fiquei tranquilo e logo veio com a tal e aplicou um pouco na veia do braço e a outra parte na espinha. Adormeci quase que imediatamente, adormeci não... Morri.

Sim, a anestesia nos “mata”, não vemos e nem ouvimos mais nada. Isso é um prenúncio da morte, um sono muito profundo. Se morrermos ali, não muda nada do estado em que já estávamos, nunca mais ficamos sabendo de algo.

O mais impressionante, veio logo após eu acordar da anestesia. Chamou-me a atenção, porque foi justamente onde a mente parou e recomeçou nesse ponto da conversa com o Dr. Gyorgys. A enfermeira me olhou e perguntou: Está tudo bem com você?!? E eu respondi: Eu é que pergunto, é menina ou menino?!!?? A coitada não entendeu nada, não havia ouvido a conversa inicial com o médico. Mas, ele chegou junto e eu perguntei novamente: E aí Doutor, é menina ou menino?!? Ele deu uma longa risada e disse: - Ahhh... É menina, é menina!!! E sorrimos todos! Nesse momento ele disse: Ele está bem.

Na ressurreição será assim também, voltaremos do exato momento em que havíamos morrido.

E assim, o mesmo Deus que me guardou durante toda a minha vida com sua graça e misericórdia, guardou durante a cirurgia e tem me guardado no pós-cirúrgico. Sou grato a esse Deus que é bom e sua misericórdia é para sempre.

Há muitas preocupações envolvidas, mas, Deus pode tirar todas elas e nos dá paz. O pós-cirúrgico é muito dolorido, Ele nos ajuda a suportar. Deus é fiel.

Assim, amigos, que possamos manter a nossa confiança nesse Deus, sempre. A nossa vida está em suas mãos, quando nos permitir partir, que possamos ir na certeza e esperança da ressurreição para a vida eterna e então nessa vida eterna viveremos felizes para sempre com os nossos e com Jesus.