O Limite Justo
“Do Terror da morte retiram sua força as duas grandes peste do mundo: a fome do ouro e a desmedida ambição da glória que empurram o miserável do homem a ultrapassar o limite justo e a fazer-se cúmplice instrumento de toda perversidade, buscando a noite e o dia em intensa corrida, de chegar ao cume do poder. E, por certo, o desprezo obsceno e a miséria atroz parece distantes mais do que da vida serena e pacata.
E enquanto os homens, empurrados por aquele enganoso terror, querendo fugir para longe querem esconder-se bem longe, engordam os bens com o sangue dos outros, ajuntam grande avidez as riquezas, amontoam tragédias sobre tragédias, gozam, cruéis, das tristes lutas fraternas, e têm ódio a mesa em que devem compartir a comida com os seus próprios consanguíneos. Alguns, pelo mesmo temor,, quase se roem de inveja,que seja aquele tal, poderoso, diante de seus olhos, ou aquele tal, famoso, que passa entre vivos aplausos: lamentam arrastar a própria vida na sombra e no lodo.”
Dedico está Crônica aos golpistas de 2016.
(Enxertos de De Rerum Natura.
De Tito Lucrecio Caro- Livro Terceiro 50—77)
Lair Estanislau Alves.