COBIÇADO ADORMECER

Durante o pouco que dormi, sonhei com ela. Comecei a dormir entre as 3:00 e as 5:00 da manhã, e ela veio ao meu sonho, no entanto, veio acompanhada. Dormi muito pouco, mas o pouco que dormi eu a vi ali, à minha frente. Continuava linda, a Linda. Mas, ela veio acompanhada. Chegou ao meu sonho, mais ou menos, às 5:00 da manhã. De repente ela me olhava, ela explicitava aquele olhar, aparentemente, de tristeza. Não sei o que se passava naquela mente... não tive coragem de fitá-la, de súbito desviei o olhar.

Outrora eu fitava-a constantemente, acordado, em transe, ou em sonho. Lembro-me daqueles tempos onde nos encontrávamos às madrugadas. Em tempos remotos, as madrugadas insones “pareciam” sadias. Atualmente incomoda. Em tempos não tão distantes, suas palavras, seus versos incompreensíveis, porém de sentimentos verdadeiros, soavam satisfatórios em meus tímpanos frios, porém aguçados. Ela estava bem ali, à minha frente, contudo, ela veio acompanhada.

Eu tentava controlar o meu sonho, esforçava-me em prolongar o meu adormecimento. Linda, misteriosa, mística, enigmática, ela passeava ao meu redor. Por alguns instantes, embaraçosa, ela parecia tentar penetrar minha mente. Durante o sonho, eu atentava, pensava e me preocupava com meus despertadores digitais (eram dois). Eu torcia para que eles falhassem naquela manhã.

Era possível eu sentir a sua fragrância, estava em minhas mãos, em meus dedos, no meu olfato, no meu papel. Gostoso aroma. Mas, eu percebia, ela veio acompanhada. Apesar daquelas “supostas” ou “concretas” companhias, eu só sentia o seu perfume. Impregnou-se em meus sentidos, em todos os meus sentidos. Absurdo! – pensei. Penetrou esse meu velho corpo. Encharcou os meus pensamentos. Esse meu velho corpo embebeu-se infinitamente dessa tal essência, talvez fosse hoje, tão essencial.

Despertei um pouco antes do alarme dos despertadores, apesar das minhas tentativas de permanecer adormecido, de permanecer naquele sonho, da minha insistência, infelizmente, acordei. De imediato, assim que despertado, reconheci as companhias de Linda, eram elas: metáforas, antíteses, eufemismos e sinestesias, e a ausência de inspiração.

Mais tarde tentarei dormir mais cedo, talvez assim alongarei meu sonho, e a encontrarei novamente. Linda (Ela) – a Poesia.

Majal San
Enviado por Majal San em 09/04/2020
Reeditado em 09/04/2020
Código do texto: T6911966
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