MEU PRIMEIRO VíDEO CASSETE
Nunca vou esquecer do dia em que comprei meu primeiro vídeo cassete.
Era um Panasonic NV HD645 seis cabeças, com controle remoto e vinha com um recurso que o diferenciava dos demais: era auto limpante, isso mesmo, auto limpante.
Até então foi o equipamento mais tecnológico que apareceu em minha estante. Era usado, sim comprei ele de segunda mão. Imponente, soberbo, ocupava um lugar de destaque na minha casa, é óbvio.
Quando aparecia algum amigo eu disfarçadamente levava-o até a sala, como por acaso, só para surpreendê-lo com o aparelho, e o espanto me levava a um frenesi. Era a apoteose da minha esnobação.
Os tempos eram outros e aos poucos eu entrava no mundo moderno.
O acesso a filmes era outra história. Era necessário associar-se a uma locadora e, incrível, em algumas você tinha que pagar uma taxa de inscrição e até uma mensalidade para ter o direito de locar os filmes.
Nas locadoras sempre tinha no balcão uma aparelho chamado rebobinador de fitas que servia para. . . rebobinar fitas. Semelhante a um toca fitas de tamanho um pouco maior . . . também não conheceu um toca fitas? Deixa pra lá. . .
Outros tinham o formato de um Ferrari ou um Lamborghini em miniatura. Alguns vinham com o recurso de ao rebobinar a fita fazer sua limpeza, sim porque depois de assistir ao filme tínhamos que rebobiná-la novamente, para evitar multas na entrega. Mais um recurso que meu Panasonic NV HD645 possui: Ele rebobinava automaticamente a fita ao final do filme, alem é claro de limpá-la. Como já falei ele era auto limpante.
Os vídeos cassetes pararam de ser fabricado por volta de 2008 quando a Distribution Vídeo & Áudio, a última grande distribuidora de fitas VHS dos Estados Unidos, avisou que havia entregue o último lote de fitas e encerrado suas atividades no ramo. “Ele está morto” (o vídeo cassete) anunciava o presidente da empresa, “qualquer resto de estoque estaremos jogando fora” comentou em tom de tristeza, “é uma tecnologia morta”, arrematou.
Não sei por quanto tempo eu ainda tive vídeo cassete, lógico que depois de alguns anos , assim como o presidente da Distribution Vídeo & Áudio , eu também o considerei como uma tecnologia morta, mas ao contrário dele não joguei meu Panasonic NV HD645 fora, aposentei-o e guardei como lembrança de um tempo que passou tão rápido como um DVD e que infelizmente não pode ser rebobinado como uma fita cassete.
Conto este fato como curiosidade para aqueles que imaginavam que a Neteflix sempre existiu.
Talvez daqui a alguns anos estejamos contando historia semelhante a esta sobre o DVD, Blue Ray ou quem sabe alguma nova tecnologia que ainda nem conhecemos.
O mundo moderno está cada vez mais veloz.