Epidemia globalizada interconectada humanamente e tecnologicamente
Epidemia globalizada interconectada humanamente e tecnologicamente
Quando ficamos introspectivos os pensamentos invadem a mente numa velocidade incrível. Ficamos considerando tanta coisa ao mesmo tempo e temos tantos medos, temores, incertezas que ficamos desnorteados. Não quero falar mais do mesmo, mas realmente essa parada forçada nos fez observar essa verdadeira roda viva frenética que vivemos diariamente para sobrevivermos, na luta diária dos nossos crescentes afazeres.
A lógica é clara: quanto mais coisas você tem para lidar, como filhos , esposa, trabalhos, mais complexa e atarefada é sua rotina. Fomos forçados a frear de repente, e, durante muito tempo, podemos parar para refletir também, e deixar um pouco a preocupação com a pandemia de lado. O ser humano tem que ter o tempo de refletir, admirar, contemplar. A vida moderna nos tira isso. Pra quem tem percepção do macro e não apenas da sua realidade individual foi interessante observar que estamos numa corrida muitas vezes sem sentido.
Conseguimos então perceber depois dessa reflexão que devemos dosar melhor nosso tempo, e esse isolamento nos trouxe essa realidade de forma acachapante. Em várias situações tivemos que lidar com nossa família em todas as horas, todos os dias. Constatamos que nos faltava muito sobre nós mesmo e nossa própria família. E a convivência veio à toa nesses tempos pós modernos. Acho esse momento que vivemos interessantíssimo. Certamente é uma quebra de ciclo. Nunca mais seremos os mesmos. Lembro que ouvi muito isso em 2001 quando as torres gêmeas caíram em NY, mas o sentimento agora é outro. Além de agora ser global, o ser humano, e não um símbolo, é o principal afetado nessa verdadeira guerra biológica. A pandemia se espalhou de forma exponencial e muitos falam que fomos expostos a uma ferida aberta, o risco de vírus daqui por diante se espalharem em um mundo extremamente conectado é real e imediato. Para efeito de comparação, na época da gripe espanhola a cerca de 100 anos atrás, uma viagem da Europa ao Brasil de navio levava de 30 a 40 dias. Mesmo assim foram 50 milhões de mortos. A informação também demorava a chegar, e a tecnologia então ainda engatinhava. Hoje tudo é em tempo real, acredito eu que a vacina que normalmente demora de 1 a 2 anos deve sair de 6 meses a 1 ano, dada a urgência da situação.
Financeiramente será um ano perdido. Perdemos dinheiro para voltarmos a nós mesmos. Nos perdemos no meio do caminho dessa aventura tecnológica, pujança financeira, boom demográfico, nascimentos de potências que mudaram nosso mundo nos últimos anos. A abertura de mercado, a força de trabalho, e a industrialização fabril e tecnológica da China é um fenômeno mundial que fascina e intriga a todos que se atrevem a analisar a mudança desse país continente de 1,5 bilhão de habitantes e PIB igual ao americano. Eles levaram menos de 30 anos para se igualar a um trabalho de capitalismo exacerbado americano de mais de 100 anos. Durante milênios a China manteve-se fechada, restrita ao seu país continente e população gigantesca. A cultura milenar, a resiliência chinesa, seus valores fortes e enraizados de trabalho incansável, e sua mão de obra de mais de 800 milhões de trabalhadores a preços irrisórios, basicamente trabalham para comer na empresa, dormir no chão da empresa, e ganhar 50 centavos de dólar por dia trabalho.
A China mudou e mudará a vida de todo o mundo. Pelo seu tamanho. Pelas suas necessidades. Por ter atendido a todas as "necessidades" de consumo do mundo. A simbiose Estados Unidos-China será analisada e discutida por anos. Tudo isso que falo sobre esses países é fundamental para entender o que vivemos nesse exato momento. Uma nova era se aproxima. Espero que tudo isso que vivemos, falamos e analisamos nesse exato momento sirva de lição e aprendizagem para nós no futuro. Quando paramos conseguimos enxergar com clareza o mundo que nos cerca. Espero que aconteça um despertar global. Ainda é tempo.
Chico Piancó Neto , 09/04/20