O MITO DA CAVERNA.MANDETTA. LER E ENTENDER.

Platão foi o repórter de Sócrates, seu professor que indicou o “sei que nada sei”. Mas essa baliza tem limites definidos para o que foi esclarecido pelo experimento científico. É parte de minha religião de vida, o “sei que nada sei” sobre as indagações que nunca se saberá. A vacina contra a poliomielite evitou sofrimentos de muitos seres. E tantas drogas que minimizam as doenças. Fora conquistas que estabeleceram VERDADES CIENTÍFICAS e que podem avançar.

Nessa imensidão de não saber sobre a vida e suas dificuldades, nesta vida pequena e razoavelmente feliz no conjunto de valores de cada um, nos surge algo indecifrável cujos desdobramentos ameaçam a espécie em grande parte. E não só populações de risco, mas todos. Já mostrou seus dentes afiados para todos em idade, lógico, os mais velhos e já doentes, com carga mortal maior, com as comorbidades como trata a medicina outras doenças antecedentes são os mais vulneráveis. Maior ataque letal.

Mas não livrou ninguém seletivamente por idade, só estatisticamente. Nada se sabe do que virá com segurança. Isso é indubitavelmente o pior. O imprevisível surpreende e por isso atemoriza.Que eventual vacina neutralize sua investida.

Da mesma forma que se sabe pouco e nem vacina existe, sabe-se muito sobre a droga que vem tirando doentes da doença para a higidez. E pode salvar muitas vidas, como já salvou. Empirismo pragmático. Hospitais de excelência atestam. O que falta?

A ciência por inúmeros cientistas e protocolos experimentados nesses hospitais de excelência dão testemunho. Mas há resistência para sua adoção; incompreensível. O que falta?

A Alegoria da Caverna, prestigiada em todos os tempos pós-peripatéticos, filosofia purista, sinaliza a ausência da educação, as sombras diante da verdade, chegado o conhecimento.

A finalidade da tese é a verdade, meta do homem em tudo. Se baseia e assenta no “logos” empírico obtido.A verdade em evidência plena, conquistada. Já não estamos no conceito amplificado da filosofia, que estuda o hipoteticamente desconhecido ou o inexatamente conhecido.

Na “República” de Platão está a “Alegoria da Caverna”. Seu discurso visa um projeto onde a política se alia à educação.

Platão discute a educação da vida anímica em busca da verdade, sempre a verdade. Ascender a alma à educação, na perseguição da verdade. O truísmo febrilmente perseguido.

Enquadra Platão, distinguindo, uma categoria que envolve cabeças mais privilegiadas, os filósofos, cultores da verdade buscada na construção de doutrinação política. E indica assim àqueles que teriam condições de se libertarem das sombras.

O bem e a justiça estão no centro da tese político/filosófico/educacional.

PARA QUÊ?

Para sair do mundo das sombras que domina a caverna e conhecer a realidade do mundo onde há a luz da verdade.

E muitos saem da caverna, mas continuam de costas se negando a ver a luz. Aí está o divisor de águas metafórico. Com sedimentação de motivos na negativa sem fundamento. Não há como negar a verdade central no cenário da evidência na ciência da lógica.

Passa a perceber quem estava na caverna (ignorância) que existe outro mundo onde a luz preside e as sombras são afastadas. Mas reluta em aceitar a verdade, a luz.

A realidade e a verdade se põem e estão à vista, não são mais falsas ilusões encerradas e estabelecidas na escuridão como se faz em política.

Metaforicamente Platão justifica como basilar e necessária a educação, que traz bondade e justiça, e realiza a verdade. Nunca a nega.

Um padrão sofisticado, transformador da educação que resgata a pessoa da ignorância, ou da aparente ignorância no plano político.

As vicissitudes da vida devem ser superadas pela educação. A vida em sua existência é dura e sofrida, e por isso maltrata a verdade.

“E a educação funciona como forma de desenvolver o homem moral, que deve dedicar todos os seus esforços para o seu desenvolvimento intelectual, físico, moral e espiritual.”

As barreiras da vida em busca da verdade por vezes são intransponíveis, atravessada pelo instinto da sobrevivência, pela vaidade e outras motivações que ensombram a verdade.

Platão primou pelo ensino da verdade.

“A educação platônica é uma educação comprometida com o ensino da verdade. Todo o sistema educacional de Platão está edificado sobre a noção fundamental da verdade, sobre a conquista da verdade pela ciência racional. É a posse da verdade que definirá, segundo Platão, o verdadeiro orador, o verdadeiro médico, o verdadeiro político, bem como o verdadeiro filósofo.

Qualquer que seja o campo da atividade humana para qual alguém se oriente, não há mais que uma alta cultura válida: a que aspira à verdade, à possessão da verdadeira ciência.” RIBEIRO, 83-84.

Parece que estamos diante de uma verdade cujas sombras não mais podem ser encobertas. E já se vê o recuo. E muitas vidas estão em jogo. Não há antes nem depois quando a questão é a vida.

Voltaire perguntado sobre sua fé disse: comprei o bilhete da fé em algo mais, não vou perder nada se algo mais não houver, perderei se houver.

Parece que esse é o dilema.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/04/2020
Reeditado em 09/04/2020
Código do texto: T6910945
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.