Breve reflexão de uma vida adulta
Quando se chega aos vinte e poucos, você não pode mais negar que a vida adulta chegou com tudo e você não pode mais se esconder atrás de seus pais, suas inseguranças ou seja lá o que se use para se eximir de tomar decisões que invariavelmente determinarão todo o restante de sua vida. Dos dezesseis aos vinte e seis anos é o período que em que se devem tomar todas as decisões ditas importantes. Mas como alguém pode escolher todo o seu futuro, no momento em que se é um adolescente cheio de hormônios e inseguranças e um jovem adulto que começou a entender como o mundo é – mesmo que não consigamos entender tudo.
Assim, não raro temos adultos, com mais de trinta anos que estão longe de serem bem resolvidos. Vários são os relatos em que adultos se reinventaram após os trinta, quarenta anos. O mundo mudou. O estilo de vida se tornou mais frenético, as informações crescem de forma assustadoras, profissões foram reinventadas, e no meio desse caos social, você tem que crescer e se tornar um adulto. E nada de fraquejar, hein?
É exaustivo ser adulto. A vida adulta é um saco. No entanto, engana-se que só a nossa geração é assim. As outras também tiveram suas dúvidas, mas não as revelava. Era mais fácil seguir a cartilha de uma vida bem resolvida: escolher um parceiro, um trabalho que forneça o sustento, ter filhos e ser um bom cidadão, para no fim gozar de uma boa aposentadoria e ter a sensação de que viver uma vida feliz. Não se preocupar com nada, não pensar em nada que não seja relevante, apenas aproveitar a vida bem resolvida.
Bom, eu admiro esse modelo – apesar de que esse apaziguamento não funcionou tão bem assim naquela época (guerras mundiais, guerra fria, ditaduras, conflitos generalizados, etc). Contudo, ele não se aplica a nós, a nova geração. Queremos mais do mundo e de nós mesmos. Não é de estranhar porque os mais velhos não nos entendem. É difícil mesmo entender porque não queremos uma vida bem resolvida no auge dos trinta anos. Nós deixamos de ser adolescentes indecisos para sermos adultos indecisos, tateando no escuro, atrás de experiência. Essa é a palavra dessa geração: experiência. Experiência no trabalho, no amor, nas viagens, tudo que compõe a vida hoje passa pelo limiar da experiência de vida. Queremos viver tudo e nisso acabamos não vivendo nada em sua plenitude.
Somos a geração de querer tudo e mais. Não criamos raízes em um lugar, não vivemos só um amor, mas vários ao longo da vida, as viagens tem que ser registradas em fotos bonitas para demonstrar como nossa vida é boa. Somos uma geração frágil que prega a perfeição nas redes sociais. Tudo é dinâmico. Uma vida adulta bem resolvida não nos satisfaz. Uma vida bem resolvida fica para depois da morte.