Vida... Uma grande bela e maravilhosa loucura!
É um pouco antes do meio dia e eu pedalo minha bicicleta pela larga calçada da avenida principal de Oizumi – cidade interiorana, em que vivo no Japão desde 1997. O calor ameno e carinhoso dos raios de sol, do final de uma deliciosa manhã outonal, e a paz com que minha alma é atingida, enquanto ouço o CD “GET A GRIP” do Aerosmith – tenho fones nas orelhas e um alk-mam ligado no bolso da bermuda – diz para mim:
- A vida é uma festa...
Ainda ontem... Já faz dias, meses para falar a verdade, eu estava confuso! Foi por causa da data de que vivia - era meu aniversário e completava naquele dia cinqüenta e uma primaveras - e ela era um ponto marcante em minha vida.
Eu fazia cinqüenta e um anos! Não era mais um garoto, mas me sentia um menino! O desejo, as fantasias, a luxuria de uma alma desregrada e o excesso de vontade de viver me dominava, coisas que não achava certo. Pensava, sempre que tinha consciência da idade que estava completando:
“Porra, já não sou mais criança... Tenho de tomar juízo... Os coroas se comportam de maneira diferente. Eu já sou um coroa e olha a maneira que eu vivo: tomando uma “51”, fumando um beck esporadicamente e me comportando igual a um moleque“.
Essas idéias macabras - pensamentos absurdos em meu ver - me atormentaram por quase 24 horas. Sofri altas torturas, infringidas por minha mente, no dia desse meu aniversário.
Pedalando calmamente e curtindo a brisa leve que me abraça, ou aumentando ô vigor das pedaladas e a velocidade - que se torna fantástica e assusta as pessoas que me vêem passar e nada entendem do que ocorre - ao ouvir um rock pesado e alucinante, eu curto viver este momento e tenho certeza absoluta:
“A vida é na verdade uma grande loucura! Uma viagem sem fim. Passar por ela é usufruir e aprender, para que amanhã sejamos sempre crianças. É viver – não passar pela vida sem vivê-la ou de fazer parte do contesto – e isso sempre é uma enorme loucura! Uma grande bela, maravilhosa e saudável loucura...”