CORRUPÇÃO ENDÊMICA

Durante o julgamento no STF do questionamento sobre o alcance do indulto de natal do ex-presidente Temer, o qual colocava no mesmo pacote todos os criminosos independentemente do grau de periculosidade dos beneficiados e alcance do delito, o voto do ministro Barroso foi de clareza cristalina e de extrema relevância ao caracterizar a corrupção como crime hediondo.

Em suas sábias palavras ficou demonstrado que o fato dos criminosos corruptos e corruptores não terem contato físico, utilização de quaisquer armas ou o anonimato das vítimas em nada diminui o dano, mas ao contrário, maximiza o alcance do delito, porque a corrupção mata nas filas dos postos de saúde, na falta das escolas de boa qualidade, na falência da infraestrutura e na manutenção dos privilégios.

Deu veemente destaque ao fato de que todos os que foram julgados se disseram inocentes, alvos de perseguição ou má fé dos magistrados que os condenaram, apesar das sobejas provas materiais e testemunhais dos delitos cometidos, demonstrando que nenhum deles sequer teve a hombridade de reconhecer seus erros ou manifestar quaisquer resquícios de arrependimento.

Infelizmente estamos vendo que o ministro estava certíssimo em sua observação e que os criminosos continuam em atividade.

Os políticos que desde o período de Zé Sarney fizeram uso do “é dando que se recebe”, do loteamento dos ministérios, mensalão, petrolão, indicações para ocupar diretorias de bancos, autarquias ou empresas públicas com total autonomia para gerir e desviar as verbas milionárias desses órgãos sem ter que prestar contas, desde a eleição do Presidente Bolsonaro estão em polvorosa porque o cenário mudou.

Hoje até pode haver nomeação para esse ou aquele cargo desde que o indicado tenha a real competência para ocupa-lo, mas os recursos quando ao alcance desses agraciados se exige prestação de contas com destaque para a destinação e o porquê do gasto.

Esse modelo severo, quase espartano, de administração faz com que os integrantes do legislativo (e por portas travessas do judiciário), empresas privadas e principalmente a mídia corrupta procurem qualquer coisa que tenha potência bastante para desestabilizar o governo ou diminuir a sua aceitação pela maioria dos eleitores.

Não adianta o congresso deixar caducar as MPs que beneficiam a população; colocar jabutis nos projetos de leis que são encaminhados; derrubar os vetos presidenciais; aumentar gastos suplementares sem indicar a fonte da receita; governadores dos Estados boicotarem as medidas federais ou deixar apodreceram nos pátios os equipamentos recebidos dos ministérios, porque a população está acompanhando tudo de perto. O brasileiro aprendeu a usar o WhatsApp e diante das evidências da comunicação instantânea, nenhum discurso falacioso se sustenta.

Como no desenho animado, o Coiote sempre se dá mal ao tentar contra o Papa-léguas.

Nossa constituição, misto de Frankenstein com manual do escoteiro mirim, que já recebeu mais emenda do que coberta de retalhos precisa ser reescrita, não mais por comunistas repatriados e indultados, aproveitadores, sicários e advogados de porta de cadeia, mas por juristas e notáveis das diversas áreas do conhecimento de conduta ilibada, curriculum vitae irrepreensível e sem quaisquer antecedentes criminais.