Ventos de Agosto

O céu escureceu, fechou o tempo e começou a ventar forte. Feliz da vida fiquei esperando pela chuva que mais uma vez não veio.

Morei por muito tempo numa região serrana, bucólica, de mata atlântica, muito diferente dessa em que moro agora. O cheiro que o vento trouxe me fez lembrar do ar da serra, da neblina, da paisagem e me lembrei dessa pequena crônica escrita num final de agosto.

Ventos de Agosto

Hoje ventava muito pela manhã, o vento entrou feroz,

derrubando tudo o quê pode. Fechei rápido a janela e pensei

parece "vento de agosto”... .Sem se quer me lembrar que o mês

em questão, já quase que de todo se foi.

É às vezes assim vai... não vamos prestando muita atenção nas

coisas que nos vão acontecendo.

Vamos apenas vivendo tocando...

Coisas que deviam ser eliminadas, carregamos conosco e as

que deviam nos acompanhar, deixamos jogadas, abandonadas

para trás.

Já não me lembro do muito que ouvi e do tanto que contei.

Vou deixando morrer velhas lembranças porque resgata-las

significa andar em velhos porões abandonados, nem sempre bonitos e nem sempre iluminados.

A cada dia vamos ficando mais vazios de nós mesmos, leves

de nossas histórias.

O jantar com os amigos, a risada solta, a conversa na

varanda, o telefonema, o cartão de natal, o álbum de

fotografias, a receita tão antiga da avó, o pão assando e

perfumando a casa , o jardim...

Vamos como o vento, ventando em nós mesmos...