MEU AMIGO CAETANO

   Meu amigo Caetano (que Deus o tenha), quanta saudade daqueles tempos no Porto do Recife onde trabalhamos! Na época era ainda uma repartição pública federal, o Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis - 4a. Diretoria Regional, funcionava em prédio próprio de dois andares na Rua Vital de Oliveira, 32 - bairro do Recife, ao lado da Capitania dos Portos e Comando do 3° Distrito Naval, que depois foi transferido para Natal.

   José Caetano de Lima, natural de Altinho-PE, de onde veio trazido para trabalhar na repartição - D.N.P.V.N.-4.D.R. O cafezinho era feito por ele, duas vezes ao dia (manhã e tarde) ele ia de sala em sala com uma bandeja de inox, um bule e várias xícaras, uma cortesia da repartição aos funcionários. Eu, ele e outros fazíamos parte da turma contratada e trabalhávamos juntos com o pessoal do quadro efetivo. Mais tarde, antes de completarmos dez anos de serviço, fomos reconhecidos e enquadrados na lista de funcionários CLT, o que foi muito bom para nós.

   Eu destaco aqui o amigo Caetano porque ele tem uma história para contar, na verdade nós nos considerávamos uma família, a maioria dos empregados e funcionários era de parentes entre si, eu mesmo tinha meu pai que era funcionário efetivo. Citando alguns outros companheiros de trabalho tem Adeildo, Otávio (falecido) e muitos outros que no momento me falha a memória os seus nomes, também não sei do paradeiro deles e se ainda são vivos.

   No intervalo para o almoço jogávamos dominó ou tirávamos uma soneca numa sala. Caetano conheceu uma pessoa (um agiota) que emprestava dinheiro a juros e passou a fazer parte da "sociedade", ou seja, ele era o intermediário quando os colegas precisavam de uma certa quantia. Nessa época ele morava de aluguel em uma casa minha. Depois ele conheceu outro e se envolveu demais a ponto dos próprios companheiros de trabalho deixarem de quitar suas dívidas. Bastante comprometido e sendo pressionado e ameaçado pelos agiotas resolveu largar o emprego e fugir para bem longe, foi para outro estado onde tinha parentes, jogando fora cerca de vinte anos de trabalho.

   Foi um tempo bom, ele chegou a vender queijo para os colegas, muitas vezes eu o ajudava na venda do produto que era muito procurado. Essas são algumas lembranças do amigo que devido a esse problema chegou a adoecer vindo a falecer. Existem outras particularidades do velho companheiro de trabalho que prefiro omitir.

  

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 05/04/2020
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