REMINICÊNCIAS MINHAS

"Ah! Que saudades eu tenho da aurora da minha vida... Da minha infância querida, que os anos não trazem mais".

- Esses são versos do poema "Meus Oito Anos" de Casimiro de Abreu.

- Fico imaginando um velho, sentado numa cadeira de balanço, cheio de melancolia, esperando que a inspiração o arrebate, e transforme esse turbilhão de sentimentos em versos tão belos e fortes como estes.

- Penso também como deve ser a velhice, onde num certo momento você se dá conta de que as pessoas passaram, a corrupção do corpo é fato, e no balanço da vida você conclui que perdeu mais que ganhou, teve mais tristezas que alegrias, há mais ausentes do que presentes em sua vida.

- Imagino que o melhor seria morrer jovem para não testemunhar esses fatos e chego a ter certeza de que é essa a verdade absoluta da vida, que cheguei ao crepúsculo da minha e começo a ter pena de mim.

- Porém a vida é dinâmica, nada é igual, nada é absoluto e sempre tem alguma coisa para nos surpreender, e foi isso que aconteceu, me surpreendi.

- Diante desses belos, porém intrigantes versos, quiz dirimir minhas dúvidas sobre os sentimentos deste poeta encantador, e, depois de uma rápida pesquisa, a constatação: Casimiro de Abreu não era um velho, era um jovem(1837/1860), morreu de tuberculose aos 23 anos de idade, era um menino.

- Então tudo ficou claro, o poeta não tinha melancolia, ele só registrou sentimentos vividos na sua curta passagem neste mundo, viveu intensamente, nasceu para viver na história.

- Todos temos o nosso tempo, vamos viver o nosso melhor, vivamos para nós e para o nosso próximo, é isso que importa.

- E quando o crepúsculo chegar, independente do seu tempo, sem mêdo, feche seus olhos, pense e recite esses versos:

"Ah! Que saudades eu tenho da aurora da minha vida...

Da minha infância querida, que os anos não trazem mais...".

Autor:

SERGIO LUIZ SILVEIRA

Texto original de SERGIO LUIZ SILVEIRA, publicado com a plena autorização do autor.