Isolamento Com, ou Sem Fechamento
Essa é a questão que “viralizou” (que ironia a escolha do termo), na semana passada, na mídia.
Antes da abordagem desse problema faz-se necessários alguns esclarecimentos.
Primeiramente, a abordagem seria mais confiável se não tivéssemos dúvidas que, se não existissem, nos permitiriam maiores condições para escolher qual das decisões pareceria mais acertada. As dúvidas: quem foi infectado está imune? existe, assim como nos processos de imunização por vacinas, percentual de infectados que indicam possibilidade aceitável de controle da ação do vírus? A redução da velocidade de contágio aumenta o prazo de duração para o controle? É possível identificar áreas críticas? O controle seria mais efetivo se as medidas se tornassem mais rígidas para essas áreas? Quais as estratégias já consideradas bem sucedidas?
Cabe, também, esclarecer que: somente gestores públicos interessados em fazer experiência de, talvez, ter perfil mais forte da sociedade, espécie de experiência “ariana”, apresentariam a alternativa de “não isolamento”.
Assim, a discussão está entre parar, ou não as atividades que não sejam essenciais e a extensão dessa parada.
Antes dessa discussão, dentro desse contexto, definir que atividades seriam consideradas essenciais. Alguns serviços públicos, que nunca foram considerados essenciais, poderiam passar a ser executados em regime de urgência, como a lavagem desinfetante de “logradouros críticos”. Outras atividades não consideradas essenciais, dentro das cidades, poderiam tornar-se como tal e ser equacionadas como de pronto atendimento, por exemplo: manutenção essencial predial, atividades essenciais de apoio ao transporte de mercadorias.
A discussão fundamental está baseada em ponderação de dois fatores principais: o aumento do contágio com o aumento de circulação, ou redução do isolamento, em virtude de ampliação de oportunidades com a redução da extensão do fechamento, fator este em que a preocupação é reduzir o número de mortes e evitar o colapso do atendimento; e o outro a redução das atividades de produção, serviços e comerciais com a extensão do fechamento, fator este preocupado com o impacto que sofrerá a economia, além do que os recursos que o governo terá que dispor para assistir aqueles desamparados com essa situação.
A decisão torna-se muito mais difícil, pelo fato de ser situação nova e se ter como referência os países asiáticos e europeus, que decidiram anteriormente. Apesar de termos informações sobre quem controlou melhor a situação em termos de infectados e mortos, acreditamos que nossos gestores não tenham nossas dúvidas e tenham mais informações sobre as estratégias utilizadas de isolamento e fechamento.
Mas, pela Coreia do Sul ter conseguido manter a letalidade em 1%, pela Itália já estar próxima dos 9% e de assistir, na RAI – tv, o prefeito de Milão declarar, numa espécie de pedido de perdão, o erro em sua decisão em não ser mais severo nas restrições, por falta de informações e subestimar o vírus, a tendência da maioria dos gestores e do público acreditamos que seja pela decisão de isolamento social amplo, geral e irrestrito e com fechamento das atividades consideradas não essenciais, até que se atinja indicador considerado como permissível o relaxamento que, provavelmente, deverá ser feito de forma lenta e gradual.
Os gestores deveriam expor com objetividade que razões, quais os argumentos, que indicadores os convenceram a tomas suas posições e decisões. Gestor, quando faz declarações rasteiras e passionais, para justificar suas posições em situação tão grave quanto esta, demonstra claramente despreparo para assumir tamanha responsabilidade.
Oremos e mentalizemos para: que as decisões sejam as certas; que superemos essa dificuldade com menos mortes, sofrimentos e prejuízos; e que bênçãos inundem à Terra.
Nada é permanente, tudo passa.