Efeito reflexo - Reflexões 40tena (3)
Quando o tempo ‘distempa’
A vida revira,
As histórias replicam
Sem razão alguma.
E as faces de um mesmo pretexto
Não tem relevo algum,
Na medida da tempera sensível
Que vislumbrar um outro mundo
Das possibilidades mil.
Sentindo as sensações sensíveis à realidade presente, rogo a Deus que o temor se afaste de nós e que os alardes mais apocalípticos não sejam efetivados, servindo apenas de alerta diante de tudo que já passou, e o que ainda virá num futuro não muito distante. No mundo da dor, do medo, do erro e dos devaneios, o tempo requer mais do que simplesmente dedicação para si mesmo. O tempo consome a vida e a recria sempre nas perspectivas mais factíveis ao sonhar. Das percepções muito além do íntimo espaço temporal, a capacidade de compreender os acontecimentos presentes é nulo, justamente porque a dinamicidade da existência se faz cada vez mais real e perceptível, contudo não menos tangível e próximo, mas que causa um efeito antes inexistente nas mensagens que o próprio mundo dá a todo ser mortal.
Usurpado o poder de reger a existência de tudo, as leis naturais cada vez mais afetada pela inexorável capacidade humana de autodestruição, promove o que antes jamais seria possível. E no entorno as suas ornamentadas aparências, tudo vai perdendo ora o sentido, ora se desvia na mais opaca disposição apenas do ser, e existencialmente se reprime para dar lugar a outra atormentada ou deslumbrada cosmovisão universal do que se estar mais sem significado. No mundo do simbólico é impossível não fazer uma analogia existencial, ou observando a história passada, não buscar equivalências. Tudo tem seu tempo no espaço constituído de anos e séculos. Como a humanidade superou seu presente histórico aí é o ponto mais importante, a chave para abrir a porta mais fechada da indiferença, e a resolução mais eficaz para um reestabelecimento o quanto antes das situações normais da vida.
Ó vida bela, atraente e irresistivelmente comovente, que move e remover as entranhas existenciais para fortalecer o encanto do viver cotidiano. Como seria bom voltar ao que antes parecia normal. Como a normalidade pode ser tão significativa quando nem isso é possível desenvolver! No tempo perdido, no agora das incoerências, só resta aproveitar mais o que mais temos quando nem isso tínhamos e tanto queríamos mais um pouco. As horas passam, o dia vai dando lugar a um continuo avivamento de si mesmo, quando se é possível perceber e querer-se sentir vivo, até neste caos! Quando se ergue os olhos então para o alto, tendo em vista também o coração que se eleva para o transcendente, o elo que uni o ser ao espaço/tempo vivido e ocupado, mesmo quando tudo vai mal, adquiri outra conotação e se recria de acordo com o tamanho da liberdade que se insere a própria biografia ‘desejante’ de VIVER!