PADRE THEOPHILO
Dentre os vários padres que passaram pela nossa paróquia, o Pe. Theóphilo foi, sem dúvida, de uma presença marcante em nossa Comunidade. Na sua época, tivemos os movimentos de “Cursilho da cristandade” (adultos) e Emaús (jovens). Nas reuniões dos cursilhistas, o hino “De Colores” era cantado com muita vibração, pois era o nosso hino oficial. Eram frequentes as reuniões desses movimentos com os das cidades vizinhas.
Os encontros dos Emaús, geralmente, eram feitos no Ginásio, com palestras e muita animação na hora dos cantos. O Pe. Zezinho estava começando o seu sucesso musical junto aos jovens. Já os cursilhistas, um pouco mais comedidos, reuniam-se na Casa Paroquial. Nessa época eram: Ninico, Glória, Zé Fernandes, Ilídia, Geraldo Diogo, Celestina, Murilo, Belinha, Gecelmino, Dadinha, Pelé, Geralda, Juca de Antero. Estes foram os primeiros cursilhistas da Paróquia. Tínhamos, também, os “Encontros de Casais”.
O Padre Theóphilo ensinou vários jovens de nossa comunidade a dirigir veículos, fazer instalações elétricas, etc. Administrou muito bem a fazenda da paróquia, no Seringa , fazendo com que a mesma produzisse, principalmente, café.
Nas visitas às comunidades rurais, sempre levava um casal cursilhista que, também, fazia palestras para a comunidade. Aliás, em se tratando de comunidades rurais, o Pe. Theóphilo foi o criador e incentivador das mesmas na Arquidiocese de Mariana, quando vigário em Porto Firme.
Certa vez, minha esposa e eu fomos com ele para a comunidade de Mateus, onde o povo era muito animado e liderado pela professora D. Isabel. O Padre fez as orações de costume, leu um trecho da bíblia e o comentou. Fizemos a nossa palestra. Após a reunião, foi apresentada uma peça teatral, por sinal, muito boa. Na hora de voltarmos para a cidade, o Padre lembrou-se de que precisava de uma voluntária para desempenhar determinada função na comunidade. Após explicar o que pretendia, o padre perguntou se alguém se disporia a exercer tal função. Como não aparecesse ninguém, ele tornou a indagar ao pessoal. Em determinado momento, uma voz lá no último banco, respondeu: - pode deixá que nóis ajéita, sô Padre.
–Muito bem, disse o Padre. É de pessoas como a D. Angélica que a comunidade precisa. E passou a elogiar a D. Angélica. Aí, um senhor que estava sentado lá no fundo da sala disse:- Eu num falei Angélica não sô Padre, eu falei que nóis ajéita. O riso foi geral...
Na comunidade de Cachoeira do Jurumirim, também estávamos presentes. O Padre passou a combater o alcoolismo. Dizia que o álcool era um grande inimigo da família, da saúde e provocava outros males. Foi aí que o Chico Milioni que estava presente e já havia tomado umas, disse:-“ É sô Padre, a sorte minha é que eu não bebo álcool, só bebo cachaça...”. O Padre resolveu mudar de assunto.
Padre Theóphilo gostava muito de música clássica, sendo a sua preferida a “Vá Pensiero” de Verdi. Fazia excursões com a turma em pontos pitorescos do município, principalmente, na cachoeira próxima à casa do Afonso Pinto, onde tentou construir um clube campestre. Gostava de levar algumas pencas de bananas para comê-las no caminho. Não era “pão duro”. Comia as bananas e jogava as cascas fora, sem nenhum constrangimento...
Foi muito fecunda a passagem do Padre Theóphilo pela nossa Paróquia !
Murilo Vidigal Carneiro