A beleza na insignificância
"Vou sentar-me e deixar que as maravilhas e aventuras pousem em em mim como moscas. Há muitas delas, garanto. O mundo nunca sofrerá com a falta de maravilhas, mas apenas com a falta de capacidade de se maravilhar."
Neste momento você acaba de ler um trecho de uma crônica, falo crônica porque esse fragmento foi extraído da obra "Tremendas Trivialidades", de Chesterton, que é um compilado de muitas de suas crônicas.
No começo do texto me deparei com algo que se mostrava a mim como um conto. Mas era só o Chesterton me preparando para o glorioso desfecho das suas convicções. Com uma escrita muito mais tranquila do que eu poderia imaginar, ele me levou a passear pela sua forma de olhar o mundo dentro dele. Suas palavras em seus livros são uma espécie de dedo sendo apontado em uma determinada direção. Ele aponta e fala: "olha isso". Então a parte dele em tudo acaba: ele me faz olhar, mas ver é comigo. É como se eu estivesse de carona em seu carro e ele me levasse por onde bem quisesse, porém o parabrisa do veículo tinha um quê de especial, que me fazia enxergar o mundo como ele o via.
Ao final da minha primeira crônica lida me deparo com a frase descrita ali no começo. Ao relacionar o fragmento com o texto inteiro: é como se ele estivesse me falando que quando eu for escrever, muitas vezes, devo me diminuir ao ponto de me transformar em um pigmeu, para aí então jogar meu olhar reflexivo sobre o mundo que me rodeia.
Os pequenos acontecimentos têm sua importância para a composição de tudo. Uma pequena ideia ou inspiração tem sua beleza em sua pequenez. E por isso, só quem partilha da mesma forma de perceber a realidade poderá ver o que ele viu, e sentir o que por ele foi sentido no momento em que a tinta e o papel imprimiram sua passagem pelo mundo.