Para minha São Paulo
São Paulo continua a mesma. Há os prédios, as ruas arborizadas dos bairros próximos ao centro, mas os pedestres são, como sempre, diferentes. Há, como era de se esperar, muitos carros, mas há, sobretudo, a possibilidade de eu poder ser uma outra coisa. Sei que essa São Paulo está em minha cabeça, dirão os que lá moram, também dirão os que não entendem o que sinto.
Não vejo a feiura, eu só vejo as gentes manifestas, os rastros do que um dia já foi glorioso, na grandiosidade dos arranha-céus, essa espécie de catedral de nossos tempo.
E chove. Não! Trata-se de uma garoa fina que delineia as luzes dos faróis. Vejo os últimos prédios. Aguardo o rancho da pamonha que não verei, pois ainda chove.
Em São Paulo sou cidadão do mundo, pois se me dou bem por lá, posso ir para qualquer metrópole e dizer: já estive em São Paulo. Vou para o interior seguindo por aquilo que já fora trilhas de índios. Os índios deviam ser exaltados, não os bandeirantes.
Se eu pudesse eu fundaria uma nova república e diria São Paulo é o que é por causa de índios, negros e nordestinos aos quais se juntou o mundo.
No passado um velho sábio, ao encarar a sua paisagem, disse que aqui existiria uma grande cidade, mas que os grandes não seriam exaltados.
Volto para interior sem saber quando regressarei a essa minha viagem pessoal e tão interior pela minha São Paulo.