Estamos na mesma Nau - a dos Insensatos
Nesses momentos de tanta necessidade dos seres humanos darem-se as mãos uns aos outros, para juntos e mais fortes combater o mal que assola o planeta, para dividir esforços na busca de uma vacina para o combate definitivo contra o Novo Corona Virus (COVID19), vemos a insensatez tomar conta dos meios políticos, como se as pessoas hoje levadas ao poder fossem imunes a essa moléstia contagiosa e comum à todos os viventes.
Democraticamente, esse vírus atende à todos indistintamente, cada qual no seu tempo, mas, não deixará de visitá-los a todos... Não se esqueçam que igualmente somos todos seres viventes, à mercê de uma peste que não vê seus cargos, posições e status em uma sociedade.
O vírus, minha gente, é democrático, e, em um ataúde, simples ou suntuoso de madeira de lei, o conteúdo é exatamente o mesmo: alimento para os vermes ou cinzas imprestáveis! Tentem ao menos deixar um bom legado, por mais simples que seja. Isso tornará melhor o futuro deste meio em que temporariamente vivemos. Pense nisso!
Assim, para ilustrar esses momentos, e buscando minhas lembranças, fui resgatar um perfeito paralelismo de evidências, correlatas à esse tempo pavoroso que vivemos: “A nau dos insensatos”
Creio que nessa obra, você se verá espelhado e aos nossos representantes, de cada setor da sociedade, nesse insano embate cotidiano, no qual os demais seres viventes ficam sempre em plano secundário, tal qual os limpadores de porões e convés dessa nau chamada Brasil. Não se surpreenda caso até mesmo você se encontre retratado nessas páginas. A maioria sempre acha que o autor fala de terceiros, mas ele retrata a sociedade em geral, ou seja, de todos que a formam. Eu, esse modesto escriba, que ora lhes escreve, também nele está!
Amanhã posso não estar mais aqui, mas não posso deixar de registrar minhas tristes observações e ver que a nau afunda, diante do desfile de mútuas ofensas, achincalhamentos, “Fakes e Memes” depreciativos, achincalhamento de imagens, burrices, provocações, soberba, egocentrismos, e os demais infinitos péssimos adjetivos que possam ser considerados avessos aos bom caráter e aos melhores valores esperados de uma sociedade organizada, e que delineiam muito bem o grau de inteligência ou de mediocridade e a índole boa ou perversa de cada um.
A imagem do “sábio” que pensa que sabe é de uma perfeita simbiose de várias personalidades do nosso meio atual. Muitos até posam de eruditos, mas compram livros “por metro” que caibam nas prateleiras das estantes de sua biblioteca e os ostentam para demonstrar sapiência, como se sabedoria fosse possível adquiri por osmose...
Vejo, tristemente nessa crise, muita, mas muita mediocridade mesmo, mas não só de representantes eleitos, mas de eleitores e gente que aceita receber para divulgar mensagens que buscam levar os desavisados à julgamentos e escolhas erradas. Vejo a imensa mediocridade em defesa de posições sem sequer analisar se são plausíveis ou não, e a defendem com garras de um cão no seu território e ao seu patrão! E a cada pronunciamento, saem “batendo bumbo para idiotas e doidos dançarem”... Quanta insensatez, minha gente, quanta ignorância que hoje impera na nação...
Uma leitura mais que recomendada, caso tenham interesse, há uma grande quantidade de sites que permitem Download.
Como curiosidade, compartilho um pequeno resumo e algumas fotos da obra original, a qual, mesmo passados quase 5 séculos de sua edição, um dos precursores da imprensa de Gutenberg, continua atual, coroando de êxito a observação incômoda do autor, apontando-nos o dedo a dizer sobre a nossa muito lenta evolução, em que pese hoje o desenvolvimento e a facilidade dos meios que poderiam nos tornar mais humanos.
A nau dos insensatos
Descrição
Das Narrenschiff (A nau dos insensatos) do advogado da Basileia Sebastian Brant (entre 1458 e 1521) foi uma das primeiras obras ricamente ilustradas a ser impressa em língua alemã no século XV e uma das mais populares. Após a primeira edição, que foi impressa em 1494 pelo antigo colega de universidade de Brant, Johann Bergmann, a sátira de Brant sobre a insensatez humana tornou-se um best-seller europeu. Em 1574, mais de 40 edições do texto haviam surgido, incluindo traduções para o latim, o francês, o inglês, o holandês e o baixo-alemão. O texto descreve uma viagem fictícia por mar de 112 insensatos, cada um representando um certo tipo de conduta humana, para a terra prometida de “Narragônia”. A sucessão de insensatos é liderada pelo leitor tolo: convencido de sua aprendizagem, ele está empenhado em espantar as moscas que zumbem em torno de sua mesa abarrotada de livros, mas ele não abre os livros para adquirir conhecimentos. Brant não critica tanto a insensatez, mas o fato de permanecer insensato por não reconhecer as próprias falhas. Uma das razões para o grande sucesso da obra foi, sem dúvida, as xilogravuras de alta qualidade que introduzem e complementam o texto. Entre os artistas que colaboraram com Brant nesta obra está o jovem Albrecht Dürer, que logo após a conclusão desta obra deixou a Basileia e foi para Nuremberg. O livro encontra-se na Biblioteca Estatal da Baviera, em Munique, Alemanha.
'A nau dos insensatos' (1494), de Sebastian Brant (1457-1521), foi escrito como longo poema satírico, de perspectiva moralizante, em que o autor aponta com dedo crítico e irônico para a sociedade de seu tempo, denunciando as falhas e vícios tanto da nobreza quanto do vulgo, não poupando Igreja, Justiça, universidades e outras instituições. Em 112 capítulos, cada qual dedicado a um tipo de insensato ou louco, Brant censura os excessos e o desleixo, a avidez por dinheiro e a falta de escrúpulos, a perda da fé e o desinteresse pelo cultivo do intelecto. Em contraste com os sábios e prudentes, os insensatos desfilam pelas páginas do texto deixando evidente sua arrogância, grosseria, leviandade, indolência, gula, mentira e violência. Com isso, o texto revela um panorama dos costumes do final do séc. XV - os seresteiros noturnos sendo afugentados da janela com o conteúdo dos pinicos; a falsificação de dinheiro e a adulteração do vinho; o mensageiro ébrio que não consegue recordar a notícia que deveria transmitir; os exageros e o desconforto da moda mais recente; os fiéis trazendo para dentro da igreja seus cães perdigueiros e gaviões de caça; a mania de falar impropérios e lançar maldições, entre outros.