Mais um dia de quaresma quarentenal - Reflexões 40tena (1)
Vivendo o que é possível
No tempo em que a quaresma
Se torna assustadoramente quarentena,
A realidade tão viva
Vai dando lugar a uma outra.
Sonhando por entre os espaços vazios
Ocupo-me do que resta
Para que alguma coisa preste
Nestas horas e dias involuntários.
Diante do que me cerca e das horas que vão passando, numa capacidade de reinventar-se, no “me” que sou eu mesmo, faltava uma escrita bendita, numa coragem antes vista, mas que hora não tinha tanta força. Por que escrever se no viés da tecnologia aprumada tem-se áudios e vídeos para realizar a comunicação que bem se quer? No querer do dia-a-dia, à tona da menta vai buscando significado para escrever. No ausente presente de um tempo que sem demora chega por mais que não se faça nada, importante significado tem o que parece não ter. Será? É possível não ter significado algo que em si já traz um significado aparente? Ou é melhor deixar que as significações que poderiam surgir possam surtir efeito apenas para quem assim o quer? Deixemos então na conta de algum simbologista a proeminência de colaborar com alguma interpretação. Para quem escreve e pensa, e busca ir além das palavras agora escrita, cabe apenas... Escrever!!!
Deixando ser contaminado pelo tempo que sem demora chega ao fim; de mais um dia, mais horas que se passam, numa noite que está na metade e por mais que ainda não termine, já dá lugar ao novo dia. Dia que ainda é noite na madrugada que a assisti e persiste ainda em ser escuridão, enquanto os raios solares não dominar ou simplesmente atingir esta parte do planeta. Bondade infinita do Criador que nos oferece a possibilidade de mais ciclo de 24 horas para viver. E quando a vida por algum motivo alheio a ela própria para!? Não é morrer, mas mesmo vivendo, não se pode mais fazer o que a própria vida oferece cotidianamente para viver!!!!?
No mundo de experiências pautado por relações, humanas, espirituais, inter-relacionais, fraternas, profissionais, etc., o que mais fazer quando isto não é possível? – Bem verdade ainda é presumível realizar tantas outras expressões de um ser que se reinventa e provoca em si mesmo a “perplexidade do habitual”. Na contramão de uma corrente “passiva existencial”, o predestinado acusa-se ele a ele mesmo para não findar no “fracasso descaso sob si mesmo”. Dito isto, o mundo que continua dando voltas, favorece a que mais um dia seja-se capaz de sonhar, de reviver uma reviravolta cotidiana e revolucionária, perpetrando a irresistível peremptoriedade do existir. Se eu existo é porque me relaciono e sendo assim, sou capaz de... Viver!