Último Caixão Disponível
Um Único Caixão Disponível?
Deixamos a festa e rumamos ao Hotel do Barão. Não era ambiente familiar -- paredes escuras, arquitetura antiquíssima e com aspecto lúgubre. Ma che fare? Não tínhamos muita grana e precisávamos pernoitar ali. Era o que tinha. Constava que pela manhã um café invejável seria servido.
O SILÊNCIO separa o Hotel do Barão do mundo exterior. Seu fundador -- Der Von Heckenlaupfer Baron, austríaco, homem de grande posses e de um humor sem par (malgrado parecesse jamais sorrir em público e, de qualquer maneira, era de poucas palavras) -- tinha fascínio pela Vida. Diziam que tinha bom coração e primava pela atenção às pessoas. Não o conhecemos -- a não ser por uma foto em um único quadro sobre o guichê que recebe os interessados em passar alguns dias lá.
R. dormiu num quarto e eu em outro -- respeito-a como mulher, preferindo não ter muita intimidade com ela.
Custei a dormir. Foi muito difícil. Fiquei perturbado com o lugar -- parecia um castelo destinado a ser alugado para filmes de Boris Karloff...
Bem, resumindo a história: ao deixarmos o Hotel Von Heckenlaupfer, quando mal o fazíamos, notei que um cavalheiro com aspecto de almofadinha deixara cair um livro cujo título era "Último Caixão Disponível". Folheando o livro, descobri que era a biografia do tal Barão. Corri atrás do sujeito para devolver a ele o livro. No entanto, ao virar a esquina, ele simplesmente sumiu. Mas reapareceu mais tarde, numa limusine. Com aspecto de cadáver: lívido, olheiras profundas e... uma voz que vinha das profundezas. Ele procurava por um representante para sua funerária. Foi quando eu entendi o que se passava... Servicinho sinistro aquele. Mas que prometia muito -- a julgar pela embalsamadora que trabalhava na empresa: mulherão aquele...