Empatia
Se me coloco no meu lugar: tenho 64 anos, estou com boa saúde, mas não sou atleta, só me puxo no Pilates duas vezes por semana (a prof e brabaa). Estando com a idade de faixa de risco, para adquirir a doença COVID-19 (não me considero velha, aliás, “velho é o trapo” como bem dizia minha madrinha Quinca) e, sendo muito chata com cumprimento de regras, se é pra ficar em casa, cá estou a exatos oito dias.
Se me coloco no lugar dos meus filhos: os três e seus pares em plena idade produtiva, estaria preocupada com a propagação da doença e a manutenção dos meus empregos, de onde vem o sustento. (Mas acrescentaram a preocupação com seus pais, se vamos nos comportar ou não, vê se pode!)
Se me coloco no lugar da minha instrutora de Pilates, que fechou o estúdio, assim, de repente: entro em pânico, pois sei que tenho vários alunos que necessitam de mim; tenho aluguel e taxas pra pagar; amo minha profissão e preciso sobreviver. Também aconteceu com médicos.
Se me coloco no lugar do dono do supermercado que costumo frequentar: me apavoro com o alvoroço inicial, mas depois me tranquilizo, pois sei que meu negócio precisa continuar funcionando. Assim, também o dono da padaria, da farmácia, do açougue, da fruteira... Desde que não me faltem os produtos.
Se me coloco no lugar do dono da lojinha: entro em pânico geral, pois as portas precisam ficar fechadas. Como vou fazer cumprir os compromissos com empregados, fornecedores taxas... e sobreviver?
Se me coloco no lugar do morador da comunidade carente: como vou me cuidar se não tenho dinheiro pra alimento, pra higiene, pra remédio. Também não tenho água encanada (nem no cano). Se meu emprego já é informal e pouco, agora não tenho mais nada. O velho refrão da pobreza extrema se repete “perdi tudo o que tinha”
Se me coloco no lugar do morador de rua: não consigo imaginar!
Se me coloco no lugar de um grande empresário, de uma pessoa milionária de berço, de um investidor nas bolsas de valores: bah, deixar de ganhar e ganhar, nem que seja por dias ou alguns meses, será o caos.
Se me coloco no lugar de filho, de pai, de mãe, de tio, de avó...: como vou fazer pra cuidar de meu familiar, se sei que não posso chegar perto? E se um deles adoece mesmo, como vai ser? Como vou deixar lá no hospital (se tiver leito) sem saber noticias? Se a doença se alastrar rapidamente, como vou cuidar de mim mesma?
Sinto que neste momento meu exercício de empatia “Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias” . fica bem prejudicado, pois me colocar no lugar do outro requer movimento e os movimentos devem ser suspensos, para que o vírus fique paralisado e morra.
Então, vejo, ouço, observo, reflito e só consigo concluir que todos, absolutamente todos os seres humanos deste planeta neste momento estão nas mãos de seus governantes. Ainda tento mais uma vez o exercício da empatia:
Se me coloco no lugar de governante: como vou fazer para atender a todos os interesses? Qual será o mais importante, o prioritário?
E me vem outra definição para empatia “Aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende ...”
O momento não está fácil para ninguém. No meu pensamento, e rezo para que seja o mesmo das autoridades instituídas do meu país, o único exercício de empatia possível, legítimo, humano, é a preservação da vida. Não importa se de um atleta, de uma criança, de um jovem, de um idoso, de um megaempresário, de um investidor, de um morador de rua, de um político...
Se eu quero, preciso, tenho o direito de viver, o outro também quer, precisa e tem o direito de viver.
Tenho certeza que a crise financeira será superada, o que não será superada é a realidade histórica do número de mortes numa era super moderna, com megatecnologia, se essa for extrapolada por questões financeiras mesquinhas.
Tenho Fé e esperança na humanidade e quero mantê-las!
Que Deus nos Proteja