Do caos, nasceram as estrelas

Eu sempre acreditei que o universo se encarrega de colocar as coisas no lugar. Nós, meros mortais - e num momento em que estamos lembrando disso com uma intensidade fora do comum - não temos o poder de alterar o lugar das coisas. E se tentarmos, o universo as recoloca. O bater das asas de uma borboleta no Brasil e tempos depois, um tornado no Texas. Uma só. Um só ser é capaz de pôr o mundo todo a beira de um colapso. Uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. E tudo que não conhecemos, assusta. Talvez a humanidade só aprenda pela dor. A rota de colisão. E se eu não estivesse lá naquela madrugada? E se essa única primeira pessoa não tivesse contraído o vírus? E se a minha mãe tivesse desistido do primeiro encontro com meu pai? E se ninguém nunca tivesse dito “eu te amo” pela primeira vez? Quem sabe, não seja o momento de repensarmos nosso materialismo, nossa ganância e nosso incontestável egoísmo. É na dor de uma solidão, que reconhecemos importância do coletivo. Que força tem o pensamento!

E se um único ser optasse por contaminar de amor? Do caos, nasceram as estrelas. E por falar nelas, você as tem olhado? Coincidência ou não, estão divinamente mais visíveis. Que momento extraordinário, o que podemos vê-las refletir.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 26/03/2020
Código do texto: T6897474
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.