O amor não é para mim, mas sigo acreditando...
Apesar de parecer, eu não me encaixo no perfil das pessoas que batem no peito afirmando que não precisam de alguém em sua vida – eu já fiz parte desse grupo, hoje não mais. Eu estou aprendendo a ser mais vulnerável, não que eu não seja, só estou escancarando isso ao mundo. Não há vergonha em admitir que você quer alguém para dividir o pote de sorvete, o edredom e o sofá de dois lugares; alguém com quem sair para um jantar à luz de velas; alguém que segure sua mão e te ache sensacional. Não há vergonha nisso. E isso não significa que você não é feliz sozinho. Só quer dizer que você é humano. Biologicamente, precisamos de alguém. Emocionalmente também.
O que deve ser evitado é essa necessidade desenfreada em ter alguém porque aparentemente todos ao nosso redor tem alguém especial e tudo parece perfeito. Não é. Não acredite nisso. Não há perfeição alguma relacionada a humanidade. Se não tem alguém ao seu lado, calma. Ainda vai chegar essa pessoa. Ela só está tão atrasada quanto você. (Repito sempre para mim).
Eu sei que não é animador esse discurso de que existe pessoa certa e que ela ainda vai aparecer – geralmente após uma grande decepção amorosa, em que prometemos nunca mais nos apaixonarmos, da mesma forma que prometemos nunca mais beber; no entanto, é só passar a ressaca que tudo é esquecido, assim como a desilusão amorosa, em que nosso coração se refaz quando alguém novo chacoalha nossa frágil resolução.
Parece que ninguém vai aparecer. Ninguém vai chegar e segurar a minha mão sem a intenção de me deixar na primeira dificuldade. Porque temos medo de não sermos suficiente. Porque parece que ninguém vai nos entender. Nem eu me entendo, como posso esperar que alguém me entenda? Carrego comigo o misto de “nunca vai acontecer comigo" com “seria tão bom se acontecesse comigo". Eu me autosaboto. É triste, mas é verdade. Se alguém aparece, eu entro em pânico e elenco todos os motivos pelos quais não conseguirei alguém. Daí eu demonstro o meu pior lado, para a pessoa desistir de mim, para no final fugir para o mais longe que consigo com a frustração de me bloquear no amor mais uma vez.
É claro que quero esse relacionamento inspirado em romances clichês, com tudo que tenho direito: andar de mais dadas, adotar um gato e um cachorro, ir no cinema, fazer uma surpresa ou me comprar girassóis (prefiro girassóis à rosas, me desculpe). Quero muito isso. Anseio por isso. Me diminui não ter isso. Mas ao mesmo tempo não quero pois a minha solitude é confortável demais. Viu? Eu não me entendo.
Acho que eu quero tanto por achar que todo mundo tem e eu não.
Mas será que eu quero isso mesmo?
Ou melhor, será que eu quero viver isso mesmo?
Será se eu vou encontrar alguém que me entenda, que não ache um defeito eu ser tão intensa, perfeccionista e desorganizada? Será que esse alguém vai aceitar a minha chatice e outros defeitos ou é demais para suportar? Será que esse alguém vai entender a ebulição que tem na minha cabeça sem se assustar? Será...?
São muitos será...
Por isso, eu passo muitas noites pensando – e é nessas horas que essas dúvidas me assolam.
É uma coleção infindável de perguntas sem resposta.
Sei que não demonstro, pois não sou de falar muito o que eu sinto – algo que preciso melhorar. É só que eu sinto que as pessoas não vai prestar atenção no que digo pois não é relevante. Todavia, eu quero dizer mais o que sinto.
Eu sou capaz de amar.
Eu sou capaz de sentir.
Eu quero muito amar.
Eu quero muito demonstrar, mas o que eu faço com o medo?
Não dá para desligar a minha cabeça. Já está arraigado em mim esse medo de não ser suficiente. De não saber amar.
Sempre escuto que é porque não achei a pessoa certa.
Só que eu não sei se existe a pessoa certa...
E se eu não sou a pessoa certa da minha pessoa certa? Isso é possível? Fiquei confusa.
Enfim, eu tento ser otimista, em uma parte de mim. Mas a outra parte é mais realista. E essa ganha na maioria das vezes.
Devo continuar acreditando?
Eis a questão.. .