As dobras nubladas do tapete cinza (BVIW)
Desde criança ao observar as dobras da toalha de mesa ou de um tapete, antes de esticá-las, imagino que essas ondulações são dunas ou montanhas, distantes povoados: breves mundos em miniatura que ficam mais bonitos, dependendo das cores e imagens nos tecidos, sempre há RAZÕES PARA sonhar...
Ontem, na sala ao fim de tarde, o macio tapete em tons de cinza recebia o bailar das sombras das flores na floreira, e admirei as pequenas “dunas”, em três de suas dobras. Quais sensações poderiam estar contidas, escondidas nos espaços entre o tapete e a madeira do piso? Nessa época de quarentena (Coronavírus) há um enfrentamento das nossas emoções, uma análise dos medos, dúvidas e do tempo que ainda teremos de vida na Terra.
De certa forma é necessário olhar - se no espelho sem as “máscaras” que nos protegem no dia a dia, e assim muito dores e sensações de perdas que ficaram acomodados nas dobras do coração e da alma vem à tona. Fico em silêncio e sinto o Outono com seu aroma de folhas ao vento, de vinho especial, inspirando poemas - reflexos no cristal da taça...