Ô Bahia!
A Bahia é um convite à liberdade; não pela ótica de Jorge Amado e sua Gabriela, Capitães da Areia ou coisa feia. É um pedacinho de encantos, cantos e poesia. Tenho mil razões para amá-la, recitá-la e ressaltar sua beleza. Dona de um povo colorido, com sotaque divertido, solícito e amigo. É uma mãe carente, sem muitos recursos; amamenta filhos biológicos, adotados e afilhados; é incapaz de abandonar sua gente. Não é Amélia, mas não tem vaidade. Vive pela fé, e o sincretismo religioso sustenta sua identidade. Temos fiéis na matriz africana, romana, grega, judaica, portuguesa, indígena e tibetana. Ah, não posso deixar de fora os ateus e os agnósticos! Aqui tem santo, anjo bom e guerreiro. Oh, terra abençoada! O povo daqui trabalha, mas não reclama; tem uma mente frutífera. Cientista por natureza, pois do nada descobre a arte, e a arte é o pão de cada dia. Nosso poeta Gil diz que as meninas daqui têm um dom que Deus dá; Gerônimo não faz distinção de sexo e canta que todo menino ou menina baiana é de Yemanjá, a rainha do mar; Caymmi torna a morte desejada, e diz que é doce morrer no mar, no colo de Yemanjá; Armandinho canta que a gente se completa, o sagrado e o profano enchendo de alegria a praça e o poeta. Ô Bahia, da tenda dos milagres que Deus deu, que Deus dá!