Síndrome de Mulher Maravilha
Escrever é o que me move.
No entanto, devo confessar que escrever às vezes é exaustivo e me dá crises de ansiedade que eu nem sabia que tinha.
Por quê digo isso?
Porque já não consigo suportar não colocar para fora que eu estou surtando há um bom tempo e ninguém parece notar. E só posso fazer isso através da escrita.
Assim, reafirmo: a escrita me salvou diversas vezes.
E estou contando que vai me salvar mais uma vez.
Eu absorvo tudo ao meu redor: os quase relacionamentos que tive, os tropeços no trabalho, as amizades que não me fazem tão bem, os problemas da vida em geral e as loucuras da minha cabeça. Eu caí e cheguei no fundo do poço emocional, mas o processo da escrita tem me ajudado a entrar no eixo.
Eu me machuquei, ralei os joelhos e meu coração trincou, mas estou em pé.
Percebi que o que me faz cair é que tenho a síndrome de Mulher Maravilha. Tenho a falsa sensação de que tenho que dar conta de tudo, ou então serei um fracasso. Uma ideia surreal de que consigo carregar o mundo todo nas costas, sempre dando conta de tudo, ajudando os amigos, batalhando por um emprego melhor, estudando, sendo forte e capaz de superar todos os vilões de novela mexicana e desafios árduos.
Tenho a ideia errônea de que dou conta de tudo e, o pior, dou conta mesmo. Mas isso cobra o seu preço. Porque eu consigo cumprir tudo que tenho que fazer, contudo... que tempo sobra para eu cuidar de mim mesma? Que tempo eu tenho para me olha no espelho e dar um sorriso sincero? Que tempo eu tenho para ler os meus livros e curtir minha playlist?
E assim eu vou me deixando para depois... um depois que nunca chega, porque eu sempre tenho algo mais urgente que prende minha atenção. Algo mais urgente que eu mesma.
A dor de alguém que eu amo.
O problema de alguém que parece grande, mas é fácil de resolver.
O desabafo de alguém sobre seus infindáveis problemas.
A vontade de alguém que eu sempre cedo para ser a pessoa legal.
E eu ouço.
E ajudo.
E me deixo para depois.
Um depois que nunca chega.
E consegui, por um bom tempo, seguir em frente, sem um tempo para mim.
Até que travei e dei pane no sistema..
Por isso, eu precisei me reiniciar na minha vida.
Desliguei-me de tudo o que estava me sufocando: obrigações, pessoas, necessidades, futilidades, prioridades. Fiz uma verdadeira faxina e joguei fora o que não podia mais carregar, pois era um peso desnecessário. Fiz uma reciclagem de tudo que me molda como pessoa, para assim doar o que há de mais bonito em mim.
Agora me sinto indescritivelmente mais leve.