A vez dos velhos
Em tempos de pandemia, a preocupação se volta para os velhos. Na mira da letalidade do vírus traiçoeiro, a angústia bate naqueles que estão na terceira idade, com o medo da morbidade e do óbito. O medo também espreita o coração dos mais novos, que não querem perder os que precederam na peleja da vida.
Por outro lado, talvez seja a oportunidade para outra vez. Pode ser o momento da volta do sábio. Confinados em nossas casas, existe a possibilidade de tédio. E mesmo o celular, mesmo o computador, a tv, e toda a parafernália tecnológica não consigam reprimir em nós a sensação do tédio. E talvez sobrará o tempo para a conversa na mesa da cozinha ou da sala, ou do banco na varanda. E nessa hora, quem sabe, voltará à segurança de um mundo que desacelera, a figura do homem e da mulher que trazem os calos da vida. A figura do idoso, do ancião, do mestre, do sábio. Tantas e tantas civilizações souberam valorizá-lo. Não todas. Mas tantas. E deixado à margem pelo apelo do atual mundo rápido e produtivo, mas que tem agora que parar e descansar as mão, surge o tempo da possibilidade da serenidade, da nostalgia, da reflexão.
Velhos, ocupem seu espaço. É de vocês o bom conselho, a escuta bonita, o olhar paciente. Crianças, adolescentes e adultos, deem uma chance. Por que não é uma chance. É a chance. De ouvir os mais velhos, e deixar a sabedoria brotar de novo.