O VELHO PERNAMBUCO ERA SÓ CASCA
Manoel Bezerra, um pernambucano que na busca de uma vida melhor, mudou-se para São Paulo, lá conseguiu emprego como ajudante de caminhão. Na primeira viagem desistiu do emprego e ficou por Porto Alegre o resto da vida, nunca mais voltando ao Pernambuco de sua infância, sua terra natal.
Começou a nova vida, na construção civil, de onde nunca mais saiu.
Aqui pelo interior do Estado, na construção de uma barragem, pegou a fama de ser mais forte que cavalo, quando jogou carreira com um deles. Aquelas bobagem,onde dão muita luz ao humano. Outros pensavam que a fortidão vinha da peixeira que sempre estava atravessada na cintura.
Dizia que nunca iria aposentar-se e assim, depois que começou a trabalhar por conta própria deixou de recolher à previdência.
O tempo foi passando e ele sempre peitando um aqui, outro ali, até que a carcaça começou a enferrujar. Numa das primeiras campanhas da vacina contra H1N1 ele recusou-se a vacinar-se sob a alegação que era fortão e mesmo tendo 65 anos, aparentava 50.
Numa daquelas semanas chuvosas de inverno, ele sucumbiu, hospitalizado foi murchando e finou-se. Só então os familiares ficaram sabendo que ele padecia de uma hemorroida grave e tinha uma hérnia severa.
Lembrei desta passagem, pelo descaso que alguns colegas de velhice, diante do tal coronavírus.