CPF CANCELADO (ATIVIDADE PORTUGUÊS)

Aqui na Cidade do Adeus costumamos dividir em duas categorias as instituições: as que nos procuram e a que nós procuramos.

Meu nome é Diogo, provavelmente em uma daquelas febres de nome iguais que dá nas mães pobres de tempos em tempos fui batizado por Diogo -atualmente a febre é de Enzos e Valentinas-, o sobrenome de pobre é desimportante, Silva, Souza, Santos, tanto faz, apenas o primeiro nome entre os pobres é o que o individualiza, pelo menos até a febre de nomes iguais era assim.

Estava dizendo, as instituições que nos procuram, em geral, são a polícia para investigar, as empresas para cobrar/cancelar atendimento e o censo para contabilizar, o que resumindo podemos chamar de indesejáveis. As que procuramos, por outro lado, hospital, escola, comércio, são as que nos fornecem algo para sobreviver e, às vezes, até viver.

Mas depois da Pandemia, "nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia". Sim, agora estamos 24 horas por dia em todos os noticiários, redes sociais ou decretos. Como nos transportamos? O que comemos? Com o que nos divertimos? Tudo parece de interesse público agora com essa pandemia.

Sabe que este assédio estatal até que não é tão incômodo, em certas ocasiões do dia eu percebo até um pouco de vaidade com o deferimento. Estão fechando o comércio por mim, fechando as escolas, academias, restaurantes, shoppings, aeroportos, cancelando eventos, palestras, reuniões, kkkkkkkkk, desculpem, não consigo conter-me, acabei de lembrar que eu nunca vou pisar na maiorias destes locais.

Estava tudo parecendo uma espécie de paraíso, meus pais em casa descansando, rua silenciosa, quase sem tiroteios., uma semana inteira sem saber do assassinato de nenhum conhecido, será esta a tal da paz mundial? Uma pessoa precisa ter uma vida muito desgraçada para uma pandemia letal poder melhorá-la!

Entretanto, no 17º dia de quarentena, alguém que não faz parte deste insignificante mundo subitamente dignificado pelo Covid 19, vai às redes sociais jogar na nossa cara o que já sabíamos, a economia é mais importante que a vida, se formos financeiramente inviáveis não teremos o direito de existir. Não apenas um, mas uma meia duzia de empresários e líderes religiosos expuseram isto de forma bem crua.

Não sei quanto vale minha vida no mercado de ações, na bolsa de valores, no câmbio atual, sei que pra mim ela não tem preço, assim como a vida das pessoas que amo não têm, portanto pretendo, além de sobreviver a esta pandemia, fazer com que cada minuto que me for dado valha a pena ser vivido. A maior vingança contra alguém que me vê como um número é não dar a ele o gosto de ver meu CPF cancelado.

QUESTÃO 1

Ao dividir as instituições o autor as caracteriza como opostas. Tal oposição se refere a forma como cada uma aborda a sociedade e podem ser classificadas como:

a) úteis ou inúteis

b) boas ou más

c) necessárias ou desnecessárias

d) agradáveis ou desagradáveis

e) organizadas ou desorganizadas

QUESTÃO 2

Ao citar a repetição de nomes postos em crianças o autor considera que a repetição:

a) do nome é marca da união entre pobres;

b) do sobrenome é tendência de cada época;

c) do nome é falta de criatividade da população;

d) do sobrenome é falta de criatividade da população;

e) do nome é tendência de cada época.

QUESTÃO 3

A pandemia trouxe algumas mudanças positivas para o proletariado, segundo o autor, exceto:

a) Atenção do Estado;

b) Interesse da mídia;

c) Leis de proteção da vida;

d) Mobilização para ajuda humanitária;

e) Mais tempo para ficar com a família.

QUESTÃO 4

O fator que interrompeu o inédito prazer do autor foi:

a) A volta ao trabalho;

b) A morte de pessoas;

c) O desprezo das elites;

d) O fim da pandemia;

e) NRA

QUESTÃO 5

A vingança, para o autor, será executada quando:

a) A pandemia matar muitos da elite que o exploram;

b) Ele se tornar rico e deixar de ser explorado;

c) Acabarem programas que comemoram a morte de pobres;

d) Usufruir bem da vida por muitos anos;

e) NRA