TEMPOS DE CORONAVIRUS

Me impressiona as lições que estamos aprendendo desse período que a humanidade se sente ameaçada por uma pandemia causada por um vírus pertencente a uma família conhecida por cientistas desde 1935. Sua mutação atual, que chamamos de Novo Coronavirus, caracteriza-se por sua rapides em evoluir nos organismos contaminados e sua transmissibilidade altíssima. Obrigadas a preservar sua saúde, as pessoas, aparvalhadas ante um inimigo cujas características são, até agora, incontroláveis, a melhor solução é o isolamento domiciliar para garantir que não ocorra o contágio e, caso ocorra, o contagiado não se transforme em contagiador. Embora pareça fácil ficarmos isolados onde moramos, as consequências desse proceder são inusitadas. Em vários livros (Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago) e filmes (Eu sou a Lenda, com Will Smith) assistimos situações parecidas. Mas com o alívio de sabermos que era apenas uma situação imaginada pelo autor e diretor. Agora não. Trata-se de uma situação real, sobre um risco real. Estarrecidos, acompanhamos uma situação em que o desconhecimento parece ser a tônica. Passamos os dias ouvindo informações desencontradas sobre o comportamento do vírus, só o que é real é o aumento do número de infectados e mortos. O vírus é fraquinho, mas mata como nunca visto devido a rapidez de sua propagação, é mutável como nunca visto. Cientistas afirmam que foi criado na China propositadamente, suspeitas sustentadas por não haver um início claro e um paciente zero e, também como, de repente, a contaminação parou sem explicação clara. A Rússia e a Índia são vizinhas à China e os índices são baixíssimos. Mas são conjecturas sem fundamento. O fato é que devido a esses microscópicos seres muitos milhões de representantes da poderosa raça humana está recluso, olhando suas praias, ruas, praças, casas de espetáculo, restaurantes, todos vazios. Provavelmente haverá uma mudança em nossos paradigmas de comportamento em relação ao nosso planeta e até nas relações interpessoais. É impossível saber quem está infectado, o índice de assintomáticos é grande e muitos de nós podemos estar transmitindo para pessoas próximas e nunca saberemos se tivemos ou não esse Novo Coronavirus, ou vamos saber depois do período incubatório. De qualquer modo o isolamento social é, hoje, a única atitude que podemos tomar para minimizar o contágio. De qualquer modo estamos comprovando, pateticamente, que não somos tão poderosos. O vírus está nos obrigando a conviver com outros, passando por cima de nossas mazelas emocionais e egoístas, constatando que realmente estamos em uma mesma grande nave chamada Terra. E nem sempre somos os tripulantes da mesma. Lembremo-nos que apesar de tudo a letalidade do Novo Coronavirus é baixa. Confiemos em nossos cientistas para que ocorra logo o término desse pesadelo. E em Deus. Mas nunca mais seremos os mesmos.

Paulo Miorim 23/03/2020