Caniço Pensante

NESTA fase tipo recolhimento - necessário e, claro, obrigatório - é natural sentir um certo nervosismo e desânimo, principalmente pessoas que gostam da companhia dos outros, de andar, caminhas pelas ruas e etc e tal e coisa. Disse Mestre Paulinho da Viola num samba arretado: "Solidão é lava que cobre tudo...". Exato. Mas, pera aí, às vezes, confesso, a solidão é positiva. Tudo na vida é relativo, né mesmo? Mas a solidão imposta é de lascar o cano.

Mas estou até mais ou menos normal, triste, acabrunhado, nervoso, com medo, mas compreendendo que é preciso este recolhimento. E aproveito o danado para assistir a filmes antigos e de certa forma meio assustadores, coia de veio caduco. Já rvi "Psicose", "Os Pássaros", "Janela Indiscreta", "Terremoto", "Um corpo que cai".... Breve entro no gênero comédia.

Também estou relendo livros que li há 40 anos ou mais. É o caso, por exemplo, de "O Advogado do Diabo" de Morris West. Estou gostando ainda mais agora. Num trecho desse livro o autor escreveu: "O homem era um caniço pensante, mas esse caniço devia estar firmemente plantado em terra negra, as raízes regadas, aquecido pelo sol". Pascal discordava um pouco, não me lembro da frase, mas ele achva que o caniço não tinha nenhuma chance.

Achei arretada comparação. Devo estar errado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 23/03/2020
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