Novo Vírus

As doenças se comportam muitas vezes de modo diverso em cada geografia. Quer dizer que as causas mortis na Itália são diferentes daqueles que morrem ou morreram na China no caso deste vírus de prestígio midiático. Ilustre infectologista entrevistado pela Globo News (21/03/2020) nos revela esta boa verdade. Vamos observar o seguinte: A classe política em seu estado de poder divinal procura acossar (como resolução dos problemas) a autonomia do indivíduo. Todavia precisa dos meios informativos e eles sempre se alocaram como controladores das massas. Desta vez ambos optaram pelo gesto ilusório e obscurantista da individuação, isolamento, dissociação do gregarismo humano, para “evitar” e “combater” um inaparente inimigo. Desta forma esse “combate” que é palavra militar preferencial, deposita sobre os fatos, a dose de heroísmo composta de “metodologia de ferro”. Cria-se então uma espécie de Estado de Sítio da Patologia Social que estamos vivenciando. Esta situação de paralisia social obscurece o verdadeiro estado de coisa que é anterior a nova moléstia.

Para todas as enfermidades devíamos tê-las antes combatido com robustas medidas de fortalecimento dos hospitais no território nacional. No isolamento forçado atual esquecemos que o colapso do sistema de saúde para todas as moléstias é horripilante e anterior ao vírus da moda. Quanto aos possíveis e insólitos resultados das medidas adotadas vamos aos efeitos e prognósticos vitais de um futuro próximo: mais desempregos, mais fome, menos capacidade de consumo, mais insuficiência alimentar, mais miserabilização.

Esse é o combate ao COVID? Em agosto deste ano de 2020 as televisões e igrejas políticas haverão de comemorar os baixos índices da doença com o fracasso completo da economia? Ou doença e menos economia fortalecida? Difícil de responder?

Se um país gigantesco interditado reconhecerá o resultado da sua ação num único sentido ao cabo de alguns meses será uma dádiva dos deuses. Quando o inverno austero chegar milhares de indivíduos morrerão de frio, inanição, salários baixos e crueldade financeira.

As medidas então sairão pela culatra do vírus, apenas atenderá ao aflito desejo do poder político de voltar a manipular opiniões dentro do cenário midiático de modo conjunto e articulado. Os ricos continuarão ricos e os pobres quintuplicados. A fome agonizante de nosso povo ficará esquecida desde que você utilize álcool gel e esterilize as mãos, desde que você tenha comida, desde que você não durma no viaduto com as crianças gemendo pela assistência social que nunca virá.

Haverá muitas mortes pelo Covid. Haverá muitas mortes pela gripe pura e simples. Talvez nem eu resista as condições físicas de trabalho a que me submeto. Malária, dengue, sífilis, pneumonia, diarréia, fome, poluição, desemprego. Há o velho câncer e a poluição e o emporcalhamento do ar pelos canos imundos dos carros do sujo resultado da gigantesca produção industrial. A sujeira do dinheiro, que mesmo sendo pouco, passa obrigatoriamente de mão em mão. Notem que a imundície do dinheiro parecerá sempre coisa asséptica e ninguém haverá de falar mal dele como vetor de doenças por conter simbolicamente o desejo esmagador de posse em muitos. (Talvez depois desta crônica alguém utilize como pauta). E o governo será vencedor onde? Paralisando a coragem individual pelo terror da vida em coletividade sobre inimigo desconhecido que atravessa paredes através do ar que respiramos?

Não seria o momento de tentar fortalecer com alimentação decente a vida humana para se ter pelo menos uma reles chance de cura espontânea? Devíamos estar pensando em fortalecimento das forças individuais e produtivas da nação através do abrigo e da alimentação, através do saneamento básico, em seu sentido mais elevado e extensivo. Mas não. Basta lavar o celular e o carro, ficar em casa vendo televisão e acessando os números da única moléstia grave veiculada virtualmente pelo mundo de nossos dias.

Estamos sendo levados ao acovardamento e estagnação da economia combalida com os militares na rua e aglomerados. Estamos utilizando em nossa realidade padrões externos? Por método geral? Todo nosso dirigismo é importado por forças externas? Há os que estão morrendo de susto. Há outras doenças ligadas a constipações, complicações, síndromes, todas as mortes, seguirão momentaneamente na conta da única patologia de prestígio e fama. Para o povo número e patologia se combinam muito mal em termos de saúde social. Eis o caro preço da vida que nos humilha historicamente. O colapso dos nossos hospitais é um grande vírus letal.

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É anterior ao bicho viral tremendo e invisível de cena da nossa atualidade. Atualidade promulgada pela grande força informativa.