Pandemia, prevenção e pânico.
Estou em uma fase da minha vida em que ainda dizem que sou novo. Tenho apenas vinte e sete anos para chamar de meus. Mas, independentemente da minha idade, compartilho de uma experiência que pessoas mais velhas (e mais jovens) nunca tinham experimentado: a pandemia do coronavírus.
Embora os primeiros casos da doença tenham ocorrido em 2019, ela parecia não ter tanta importância, à época. Era “mais uma gripe asiática” que, como a aviária ou a suína, teria um breve ciclo antes de se encerrar. Isso foi um arroubo de arrogância que, dentre muitos outros, ajudaram a intensificar uma nova e perigosa doença que tem feito vítimas em vários países, sem que haja até o momento um tratamento decisivo para interrompê-la.
No nosso contexto social atual algo tão grave leva, inevitavelmente, a cenários de pânico. Vivemos uma era marcada por doenças psicossomáticas como a ansiedade, depressão e estresse. Tudo isso é posto à prova diante de uma ameaça iminente à nossa vida.
Também sofremos com o peso da cobertura da imprensa. Diária e incessantemente através de portais, programas televisivos e redes sociais só se fala, basicamente, em três coisas: o coronavírus, a quantidade de casos e vítimas e os terríveis impactos econômicos decorrentes da pandemia, com destaque para os agora habituais circuit breakers na nossa bolsa de valores.
É papel da imprensa informar e, na sua maior parte, ela o cumpre bem. Todavia, já chegamos a um ponto em que não há tantas novas informações, mas apenas atualizações sobre o quadro existente. Com esse reforço constante de que estamos no caos absoluto, torna-se ainda mais difícil fugir da ansiedade e do medo que parece habitar no coração de todos nós.
É tempo, contudo, de ponderarmos com tranquilidade que teremos dias, semanas, meses e talvez anos muito difíceis. Todavia, o pânico não é a solução. Estocar comida e álcool em gel, como tem-se feito em todo o país, não evitará o pior.
Lavar as mãos, evitar aglomerações, manter boa higiene em nossas casas e locais de trabalho, para aqueles que ainda não estão em quarentena, são maneiras de combater a disseminação do vírus. Isso é tudo o que podemos fazer por enquanto. O desespero, inevitavelmente, leva a decisões imprudentes e equivocadas.
Ainda assim, precisamos ter a consciência que ainda não passamos pelo pior. Milhões vão perder o emprego. Milhares de pequenas e médias empresas irão à bancarrota pela redução nas vendas e serviços durante o período em que isto se fizer necessário.
Haverá milhares de vítimas. Talvez alguém próximo de mim ou de você. Ainda assim a vida irá continuar e após essa crise devemos ter força para reconstruir aquilo que foi perdido. Devemos trabalhar com a prevenção, em todos os sentidos. Prevenir o pânico em nós e nos outros faz parte disso.