E o teu medo de ter medo...

Boa tarde meus fieis 23 leitores e demais 36 que de quando em vez aparecem por aqui por medo de eu ter sumido e eles terem perdido minhas corajosas crônicas.

"E o teu medo de ter medo de ter medo não faz da minha força confusão" - diz a canção do Russo. Medo de ter medo eu e vocês sabemos do que se trata. É querer ser corajoso, é querer enfrentar o perigo mais mortal sem fraquejar ou se importar, sem sentir a pressão psicológica que a maioria de nós bem conhece em pelo menos uma vez na vida. E daí temos o medo de ter medo, ou seja, não queremos ter o medo, queríamos simplesmente desconhecer tal sentimento e ir adiante fazer o que tem de ser feito sem ele.

E esse tal "medo de ter medo de ter medo" que o poeta fala, o que seria? É ter fé? Daniel, quando na cova dos leões, não teve medo, pois confiou em Deus e pronto. A sua fé não só o salvou, como, inclusive, para isso, fez prodígios milagrosos: os leões ficaram cinco ou sete dias lá e não o comeram, tampouco ele comeu ou bebeu algo. Sua fé o salvou, Deus o salvou porque tinha uma obra para ele fazer. Ah, o nome da canção do Russo é justamente "Daniel na cova dos leões".

Estamos hoje, nós humanos, na cova dos leões. E o pessoal, com razão, está com medo, uns lidando com ele, outros sucumbindo e sendo dominados. Alguns simplesmente não tem. Outros possuem esse desconforto, esse medo de ter medo. E quem tem medo de ter medo de ter medo? Quem tem poderia explicar pra gente o que e isso, não é mesmo? Eu arriscaria a dizer, partindo do pressuposto de que o poeta não fez a frase à toa, que a pessoa da qual ele fala quer muito ter e gozar o seu medo. Por isso o medo dela é ter medo de ter medo. Ela quer ter medo, pois isso a impediria de fazer algo que ela não quer, suponho. Logo, é um medinho, não é uma coisa assim visceral, como é o caso da humanidade agora. E o medo dela não faz a vontade dele ficar confusa, ele sabe o que quer e deseja, ao contrário dela, que quer o medo para justificar a dúvida dela acerca dele e a correspondente paralisia de ações e de decisão.

Pela canção, seria isso, suponho. De outro jeito não consigo interpretar a frase, pois ou as pessoas não sentem medo, ou sentem medo, ou tem medo é justamente de terem medo, essa pressão psicológica que o medo dá, desejando a coragem que alivia a pressão. Daí voltamos para Daniel na cova dos leões. Ele não teve medo por sua fé. De certa forma, estamos melhor que ele, pois nós temos a ciência e a fé (isso para quem tem fé de verdade, crê mesmo, pois se é superficial não adiante nada, não é eficaz para o medo). O problema é que a ciência tanto acalma quanto amedronta, pois ela nos oferece soluções ou, por outra feita, incerteza, falta ou impossibilidade delas. Num caso ela é a força que não tem confusão, no outro ela é o medo que enfraquece e atormenta o espírito e não tem confusão. Daí retornamos novamente a Daniel e sua fé, eis que é só ele que sobra. E, já como o cão a dar voltas atrás do rabo, em círculos, termino por aqui essa crônica. Acho que quem leu até aqui já tirou suas próprias conclusões e entendeu o recado.

Abração, pessoal. Inté.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 21/03/2020
Reeditado em 21/03/2020
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