NÃO SABIA CRONICAR

Ser cronista como Lya Luft é uma tarefa bem complicada. A inspiração está em todo lugar e ela a capta. Entretanto, fracassei solenemente em tentar copiar a deusa das crônicas.

Vou começar contando como me veio essa infeliz ideia de descrever o meu dia. Pois bem, estava fazendo aquilo que sempre faço numa manhã semanal antes de toda essa crise da saúde, nada. Sem muitas ocupações para a mente, pensei: "olha, eu poderia orgulhar os reis das crônicas e começar a pensar e me inspirar no que acontecerá nesse dia". Foi uma proposta e tanto.

Tudo bem, eu sei o que vocês vão pensar:

-Nossa, mas você não gosta de escrever?

Eu respondo, meus caros: gostar de escrever, saber escrever e sobre o que escrever são coisas muito diferentes, embora estejam separadas por uma finíssima linha.

A questão é: Errei na minha sugestão. Nunca finalizei a crônica e sequer saberia finalizá-la. Fiquei tão desestimulada que passei todos esses dias sem escrever uma palavra sobre o meu dia. O pior de toda essa bagunça, é saber que não só titubeei em orgulhar meus ídolos das Letras, como não cumpri um autodesafio. Uma megera da escrita, eu devo ser.

Todavia, algo estranho está saindo. Meu espírito floresceu e eu fiz uma crônica metalinguística que ainda estou aqui escrevendo. Não era bem o meu projeto de desabafo literário, mas até que estou gostando.

A dificuldade visível ainda é a mesma: como se finaliza uma crônica? Eu não sei como é, mas mesmo assim eu vou escrevendo, pois talvez eu descubra e a finalização surja do nada, como esse textinho surgiu.