PARA O GRANDE AMOR
Acordei com sua ligação às seis da manhã. Estava eufórico. Sua inquietação era perceptível pelo som ruído do telefone. Inacreditável, era mesmo você? Desperto aquele horário em um sábado de outono é algo que jamais esperaria da sua parte. Somente acreditei no momento em que te vi, ao descer.
Não tive tempo de pedir desculpas por demorar. Apenas puxou-me pelo braço aos pulos. Seu sorriso transluzia ondas radioativas de alegria. Fiquei abobalhado com sua maneira de agir. Aquele ser de quase dois metros parecia querer me mostrar algo surpreendente, algo fora da concepção humana. Uma coisa tão rara quanto a nossa conexão.
Interrompi meus passos e cobrei explicações. Mas suas bolotas vibrantes imploravam para não estragar a surpresa. Assim, partimos para adentrar aquela forte neblina. Sua blusa preta pesava cada vez mais ao se encharcar com as gotículas de água. Isso não afetara em nada seus passos estonteantes.
Mesmo diante da agitação, consegui reparar na beleza daquele dia. As flores amarelas do caminho dançavam harmonicamente com aquela imensidão esbranquiçada. E seus tons escuros contrapontes te fazia voar dos meus olhos.
Por fim, você soltou minha mão. Encontrei-me solto de ti, mas ligado ao amor que nos conectava.
Estava diante de um arco íris. Entretanto, este era branco. Raríssimo. E esplêndido… aquilo me extasiou. Poucas cores eram perceptíveis em seus fins. Virei-me ao seu encontro. Você estava de joelhos com um objeto reluzente.
As lágrimas eram inevitáveis, seus lábios tremiam e a voz falha fazia o pedido que eternizaria nosso amor.
O que responder para aquele anjo? Qual resposta seria a altura daquela atitude. Abrecei-o. Beijei-o. E aos prantos conclui que apenas algo poderia dar aquele rapaz vestido de noite. Algo incessável e verdadeiro.
Amor...