Gabriel do Amaral Dias

Ao estudar a história da literatura paraisense encontramos a marcante produção de contos, romances e poesias de Gabriel do Amaral Dias. Natural da Antinha, antigo povoado do município de São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro, Gabriel do Amaral Dias nasceu em 30 de outubro de 1908. Filho de João Antônio Dias e Mariana Campos Amaral Dias. Por parte de mãe, era sobrinho do deputado José Luiz Campos do Amaral Júnior e irmão das poetisas Edmée Amaral Dias Gonçalves e Adelina Amaral Garcia. Foi alfabetizado pela sua mãe em lições que lhes proporcionaram ampla cultura humanista e lhes despertaram a paixão pelo encantado mundo da literatura.

Frequentou a escola particular da Dona Luizinha, esposa do professor Gedor Silveira, que participaram do corpo docente do Grupo Escolar Campos do Amaral, inaugurado em 1 de fevereiro de 1916. Ainda rapazinho, Gabriel Amaral trabalhou na farmácia do Otávio Peres, onde deu os primeiros passos na escolha de sua futura profissão. Estudou no Colégio Espírito Santo, do professor Américo Paiva, em Monte Santo de Minas, onde se destacou pela sua inteligência e vocação literária. Complementou os estudos preparatórios na cidade paulista de Ribeirão Preto, onde formou-se na Escola de Farmácia.

Fixou residência em Mococa, São Paulo, onde exerceu a profissão de farmacêutico. Publicou na coletânea Talentos Paraisenses, o soneto Poesias Ignotas, dedicado à poetisa e incentivadora da cultura de São Sebastião do Paraíso, professora Luzia Vasconcelos Pedroso Gonçalves, o qual transcrevemos abaixo.

Poesias Ignotas

Gabriel Amaral

A poesia ignota é como uma flor relvada

Na bucólica paz, tristonha da campina

Embora viva a sós, exígua e abandonada

Traz com ela, escondido, o encanto que fascina.

Mas, nessa solidão de vida, separada

De seu mundo floral, por ser tão pequenina

Ela ainda traz essa ternura delicada

De beleza útil, da Criação Divina.

Mas nada adiantará se ela ficar sozinha

E não tiver o esmero e mão de uma rainha

Que faça um ramalhete, unindo-as sobre um vaso.

Só assim, esse buquê de flores matizadas

Com esse toque real, de mérito das fadas

Irá brilhar risonha, em jarras de um parnaso.