Colégio Sul Mineiro
No início do século XX, além das escolas públicas primárias mantidas pelo Estado, na cidade mineira de São Sebastião do Paraíso, funcionava o Colégio Sul Mineiro. Um estabelecimento particular que mantinha curso primário e mais alguns cursos livres de iniciação ao nível ginasial, dirigido pelo professor Carmo Perrone.
Nessa escola de outros tempos havia uma sala para meninas sob a direção da professora Filomena Perrone Correa e outra sala para meninos regida pelo referido mestre. Durante anos, Carmo Perrone - avô do conhecido professor de matemática Carmo Perrone Naves - trabalhou como amanuense em órgãos públicos da cidade. As aulas eram ministradas numa velha casa localizada à rua Pimenta de Pádua, bairro do Lava-pés, um pouco abaixo da Igreja Matriz.
Naquele tempo, quando a máquina de escrever ainda era uma tecnologia muito restrita, o serviço do amanuense envolvia a arte de escrever à mão. Exigia que a pessoa tivesse redação própria, ou seja, soubesse escrever corretamente sem que fosse necessário alguém mais letrado ditar o texto. De modo geral, em todo órgão público ou empresa tinha esse tipo de secretário especial. Essa condição permitia bases culturais para o exercício do magistério particular, ministrando aulas no período em que não estava trabalhando na redação de documentos.
Sobre o funcionamento do Colégio Sul Mineiro, a memória coletiva da referida cidade maneira preservou a informação de que no ano de 1906, o poeta José da Mata foi um dos membros da banca examinadora dos exames públicos realizados no final do ano. Os alunos prestavam esses exames em reuniões públicas, com a presença de autoridades e da sociedade de modo geral. Os alunos eram arguidos diante de uma plateia, demostrando seus conhecimentos, a eficiência do professor e da escola. O aluno que não estava preparado costumava não comparecer para evitar o constrangimento.
Na mesma época, em Paraíso, estavam funcionando a escola primária pública para meninos dirigida pelo professor Gedor Soares da Silveira, casado com a professora Dona Luizinha, que dirigia a escola primária pública para meninas. O casal de educadores assumiu as cadeiras públicas em São Sebastião do Paraíso, no final do ano de 1899, fixando residência e constituindo família na cidade. Passou-se o tempo, ficou a memória desses aguerridos mestres que há mais de um século estavam lançando as bases da cidade dos nossos dias.