Despedida


(ao meu filho, de malas prontas para Portugal, onde fará Mestrado de Relações Internacionais)

A lágrima teima em ficar ali, sem cair... Talvez porque eu saiba que este é o teu sonho e eu não queria chorar ao te ver tão feliz! Ou será que não choro porque minha ficha ainda não caiu? Não sei.

O que sei, com certeza, é que daqui a pouco você vai tomar um avião prá bem longe de mim, e vamos ficar afastados por um bom tempo...
Tão afastados como nunca estivemos, desde que você nasceu. E por um tempo que me parece bem maior do que aquele que levou pra você entrar na minha vida... nascer! Teu nascimento foi um divisor de águas na minha vida. Que bobagem que eu tô falando: prá toda mãe o é, o nascimento de um filho...

Mas nós dois... Ah, nós dois sempre fomos tão unidos. Tão grudados. E só nos separamos por mais tempo mesmo, nas tuas viagens de fim de ano. De repente eu me desespero, quando penso que esta não é uma viagem de férias, uma das tuas “mochiladas” prá Machu Pichu, Ushuaia, ou pro Chile que é ali... E que desta vez não vou poder pensar: “amanhã ele tá aqui!” ou: “no mês que vem ele tá de volta!”

Me apavoro ao pensar que uma distância tão grande vai nos separar, e ao mesmo tempo me orgulho tanto de ti! Me orgulho do menino estudioso e tímido, que sorria com os olhos; do adolescente caseiro e dedicado aos estudos, do acadêmico brilhante, do advogado recém formado, do homem centrado e justo que eu consegui criar e amar, apesar dos “golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas” como diria Affonso Romano de Sant’ana.

A distância vai doer, sim, mas o orgulho a suplantará, no meu coração vaidoso de mãe. Sei que vão existir dias difíceis, em que a saudade vai ficar ali debochando da tristeza, e eu vou ficar ali, no meio das duas sem saber o que fazer.

Mas sei também, tenho certeza de uma coisa, e isto me consola: Ventos que levam pra longe, também são capazes de fazer voltar...
E sabe de uma coisa? Vou parar de escrever. A lágrima caiu.