Crônica do Isolamento Social-Viral
Quem trabalha com idosos conhece um dos grandes problemas do envelhecimento, representado pelo alijamento do convívio social a que são submetidos muitos dos valorosos representantes destas faixas etárias, frequentemente com dificuldades físicas, financeiras e até por sofrerem relações abusivas dadas as suas condições de progressiva dependência.
Se não nos prepararmos poderemos também ser pegos nesta teia nefasta.
Mas enveredando por este gancho trazido à tona por esta terrível pandemia do Coronavírus que hoje nos assola, trago aqui alguns paralelos que podem nos fazer refletir:
1) Precisamos nos isolar das pessoas, evitar abraços, beijos e apertos de mãos;
2) Precisamos usar mais as mídias sociais, "Zap" e internet; contatos apenas virtuais;
3) Precisamos ficar mais em casa, ver TV e Netflix; nada de cinemas ou teatros;
4) Se adoecermos, evitar consultas e postinhos de saúde; tratar em casa e só irmos aos locais de atendimento se piorarmos, com febre persistente ou falta de ar;
5) Devemos evitar aglomerações e contatos com crianças e adolescentes, que podem transmitir o famigerado vírus de forma involuntária e sem ter sintomas;
Talvez uma análise profunda possa mostrar medidas muito radicais às crianças e jovens, mas possa também criar novos paradigmas no tocante às relações sociais e higiene corporal. E isso trará crescimento e sofrida maturidade às suas jovens almas.
Essa tempestade vai passar., deixando sequelas infelizmente, como também ainda o deixam e deixaram a Dengue, Zika, H1N1, Chagas, Esquistossomose, enchentes, lama, violência, iniquidade social e outras mazelas.
Mas no fundo, bem fundo, podemos refletir: será que muda muito a rotina dos nossos idosos? Será que eles (os idosos) estão acostumados a se sentirem excluídos da sociedade? A TV é sua única companheira? Será que esta crise de saúde global virá a ser apenas mais uma forma de esperar pelo pior, sem a certeza do apoio?
Quem tem consciência tem capacidade de amar e sabe distinguir seu papel no mundo, agindo com ética e respeito.
Temos consciência?
Escrevo aqui também ansioso, inseguro e preocupado com os rumos desta epidemia. Temo pelas pessoas que me são caras, mais do que por mim mesmo, mormente esteja eu mesmo em grupo de risco intermediário-alto.
Mas vislumbro o sol que virá e talvez nos torne mais solidários e mais humanos, como o temos visto naqueles países à nossa frente temporal em relação a esta pandemia.
Quanto àqueles desprovidos de consciência, nada os modificará...