MORTE. MEDO.INVEJA.

“O que fizestes?”; questiona Deus ao homicida Caim.

Acontecia o primeiro julgamento terreno.

Era o inicio da história da culpa que por ficção romanceada, mas por amor, tinha se verificado no Jardim do Éden, com Adão e Eva.

Agora era culpa em sentido estrito, dolo, intencional, por um dos piores pecados, inveja.

O ressentimento com a concessão divina do que nos foi dado se alarga para o pantanoso terreno da inveja. E se esconde sem sucesso. Mãe de muitos vícios e defeitos da personalidade humana.

Com as ameaças efetivas ao nosso mundo terreno, seja ou não favorecido nosso ser pela chegada a esse plano, esse travo grave da personalidade forra a alma da escuridão para transpor o umbral espiritual que nos espera.

Essa volta às nossas origens traz a expectativa da surpresa e ameaça aos tementes por suas condutas mesmo veladas, onde a inveja é ponto forte do temor.

Não se confessa o pior dos pecados capitais. Já ouvi muitas vezes um aceno infantil de que se teria a “boa inveja”, é como dizer que se é amador ou profissional. Uma coisa ou outra, não há meio termo.

O amador invejoso, da “boa inveja”, tem dentro de si e sabe, parcelas injustificadas, mostradas, de uma inveja que se não é maldita, remonta a Caim, arrastada no sofrimento mais ou menos intenso, por invejar. Carregam suas cruezas de alma caída, estão encarnados nessa infeliz condição. São sombras que passam pela vida sem luz ou horizontes de paz. Quem inveja bem inveja mal.

Por uma justiça que Tomás de Aquino consubstancia como “distributiva”, assentam que devemos “retirar dos outros” por terem mais que o necessário; e igualar, ser linear a distribuição. Todos são desiguais como pessoas, em tudo. Iguais como seres humanos.

O verbo retirar mostra apossamento. Se for indevido esse “retirar” não se coaduna com a legitimidade. É esse o conceito da distribuição. É assim a aula tomista. Não se cimenta nas tiranias sepultadas.

As penas são como a de Caim, expiadas, e coincidentemente Caim pagou condenado a viver muito para sofrer mais, expondo seu estigma como fazem os invejosos, marca colocada por Deus em seu corpo, que o invejoso não têm como esconder essa pobre condição, extravasa dos poros.

E assim pagam os invejosos hoje, lançando suas lamúrias por toda a vida, essa a marca, e pretendendo até que os invejados sejam despojados do que ganharam legitimamente, suprimindo até seu maior bem, a liberdade. E vivem muito para expiarem a derrota desse quisto social embora humano, e continuam nesse séquito vencido, derrotado, submisso à consciência humana que não abre mão de seu maior bem, a liberdade. Espancam com o chicote da repetição o incomodo que traz a generosidade da natureza com os que são invejados.

Se apiede Deus dessas almas escuras, de caráter sombrio e hediondo, quando estiverem diante do Umbral.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 14/03/2020
Reeditado em 14/03/2020
Código do texto: T6887729
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