DIA PERFEITO
Estava caminhando pela rua, era uma manhã de clima agradável, os pássaros cantavam alegremente. As pessoas cordialmente cumprimentavam umas as outras com um sorriso no rosto:
- Bom dia!
- Como vai?
- Tudo bem com você?
Aperto de mãos e abraços. Fiquei confuso, não sabia o que exatamente estava acontecendo, mesmo assim retribuí pelos gestos de carinho e educação e continuei minha caminhada.
As ruas estavam bem limpas, sem buracos, sem lixos espalhados pelas calçadas, bem arborizada e cheia de flores. Até ontem não era assim, o que será que aconteceu? Vai ver que eu nunca havia reparado essas coisas devido a correria do dia a dia.
As pessoas estavam sentadas em suas portas conversando (sem celular e WhatsApp), tomando café, enquanto seus filhos e netos brincavam com outras crianças de bola de gude, rodar pião, soltando pipa, pulando amarelinha e outras brincadeiras da velha infância.
Era tanta felicidade e harmonia envolvida, que pensei comigo:
- Que dia perfeito!
Nesse dia não se ouvia noticiários de roubos, furtos, assassinatos, feminicídio, racismo ou injuria racial, a taxa de delitos era zero. Também não se ouvia falar em Zica Vírus e Coronavírus, os hospitais estavam praticamente vazios. A única contaminação que peguei em contato com as pessoas nesse dia foi: “FELICIDADE”.
- Que dia perfeito!
De repente, surge um barulho, um toque desconhecido, as pessoas me olharam pedindo que fizesse silêncio, mas não poderia fazer nada, pois não sabia de onde vinha esse toque. Toque este que gradativamente aumentava.
As pessoas apontavam para mim, e furiosas caminharam em minha direção, pois o toque não parava, comecei a correr, até que cai em um precipício inconsciente.
O barulho do toque continuava. Quando acordei, percebi que o barulho que insistentemente tocava era do despertador, e tudo não passava de um sonho. Que aquele “dia perfeito” era apenas uma fantasia da minha mente.
Não me restou outra opção a não ser levantar, lavar o rosto e enfrentar o mundo real.