"Sobrevivi ao príncipe encantado"
A violência contra a mulher é caracterizada por qualquer ato de violência baseado em gênero, que tem como consequência algum tipo de dano ou sofrimento, incluindo ameaças, coerção ou privação da liberdade.
Conversando com Odete, professora e micro empreendedora, ela me contou que aos vinte e três anos se casou e, o que imaginava ser o paraíso, se transformou em calvário.
Logo na lua de mel surgiram os primeiros sinais do que seria rotina e sofrimento. Seu marido a proibiu de usar batom, “é coisa de vagabunda”, as roupas que ela usava eram 'inadequadas', pintar a unha de vermelho não é “coisa de mulher de verdade’.
Assim como Odete, muitas mulheres sofrem agressão moral, sexual e física. Ela contou que acabou se acostumando com os maus tratos, chegou a implorar que o marido a humilhasse apenas em casa e nunca na frente dos outros. Odete conseguiu sair do relacionamento e diz que sobreviveu ao príncipe encantado.
A lei do feminicídio visa a coibir o homicídio de mulheres em determinadas circunstâncias muito comuns no Brasil. Os homens que cometem violência contra mulheres são considerados ‘cidadãos comuns’, trabalham, com vida social normal, são primários e têm bons antecedentes, segundo investigadores e psicólogos.
Com a ascensão de um presidente notoriamente misógino, os agressores ganharam um aliado. Bolsonaro tem um carretel de agressões contra as mulheres. “Não te estupro porque você não merece”, disse à deputada Maria do Rosário; “Entre um homem e uma mulher, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade...”.
Bolsonaro não perde a oportunidade de minimizar o assassinato de Marielle Franco, ataca jornalistas mulheres com frequência, como fez com Patrícia Campos Mello da FSP, com insinuação sexual ele disse que Patrícia queria ‘dar o furo de qualquer jeito”, referindo-se à matéria da jornalista sobre fake news nas eleições passadas.
O Dia Internacional da Mulher existe, enquanto data comemorativa, como resultado da luta das mulheres por meio de manifestações, greves e comitês organizados pelo Partido Socialista da América, em 1909, em Nova York.
Eu queria falar só de flores, mas a conversa com Odete me levou ao universo de Rosa Luxemburgo, Olga Benário, Ana Neri, Joana D’Arc, Maria Madalena, Maria da Penha, Marielle Franco, Benedita da Silva, Jandira Feghali e Dilma Rousseff.